Sergio Moro (União Brasil) tem convicção de que pregará praticamente sozinho na nova composição do Congresso Nacional escolhida pelas urnas no domingo, 2. Eleito senador com quase 2 milhões de votos contra o ex-aliado Alvaro Dias, Moro fez uma lista de pautas que avalia como “bandeiras históricas” da Lava-Jato mas, com deputados e senadores ainda escaldados pela onda de prisões e operações policiais dos últimos anos, dificilmente conseguirá adesão para ver suas propostas seguirem adiante.
A VEJA ele afirmou que, como parlamentar, pretende defender projetos de combate à corrupção, como a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, o fim do foro privilegiado, a criação de programas para que informantes repassem denúncias anônimas e uma proposta de autonomia da Polícia Federal, com mandato fixo para o diretor-geral da instituição. No aspecto social, o foco serão projetos em defesa da pessoa com deficiência, um tema caro à esposa, Rosângela Moro, eleita deputada federal por São Paulo. A ideia é que ambos tenham uma espécie de gabinete integrado, com orientações gerais sobre os dois mandatos, partindo do gabinete de Moro.
Novato no mundo político-eleitoral, o ex-juiz da Lava-Jato tem planos ambiciosos para a carreira política, embora tenha perdido parte da relevância que o fez célebre no petrolão e tenha tido anuladas as condenações por corrupção e lavagem de dinheiro que aplicou ao ex-presidente Lula por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Idealmente, ele pretende ocupar um posto de destaque no Senado, como um assento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), para se manter em evidência e tentar se cacifar como nome de centro-direita para disputar a Presidência da República em 2026. É neste contexto que está inserido o recente anúncio que fez de que votará no presidente Jair Bolsonaro no segundo turno.
Apesar de contraditório com o discurso de quem deixou a base bolsonarista atirando, com acusações de tentativa de interferência indevida na Polícia Federal, o raciocínio de Moro é o de que, se o mandatário vencer as eleições, ele poderá ter apoio do ex-chefe para atrair holofotes para seu mandato no Senado. Se for Lula o vitorioso nas urnas, ele tem consciência de que perde a chance de fazer do novo cargo eletivo um trampolim para projetos mais ambiciosos.