No dia 27 de setembro, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa divulgou um vídeo com críticas ao presidente Bolsonaro. “Em 2018, eu alertei os brasileiros de que Jair Bolsonaro seria uma péssima escolha para a Presidência da República. Bolsonaro não é um homem sério, não serve para governar um país como o nosso, não está à altura, não tem dignidade para ocupar um cargo dessa relevância”, disse o ministro. Na sequência, ele defendeu o voto no ex-presidente Lula (PT). “É preciso votar já em Lula no primeiro turno, para encerrar essa eleição no próximo domingo”, enfatizou.
No passado, Joaquim Barbosa já foi um crítico feroz do presidente Lula e do PT. O ministro foi indicado ao STF pelo ex-presidente petista em junho de 2003. Em 2006, assumiu a relatoria do processo do mensalão, o primeiro grande escândalo de corrupção do governo Lula. O STF condenou 24 pessoas à prisão, incluindo figurões como o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado Roberto Jefferson (ele mesmo!), então aliado do governo petista. Depois disso, Joaquim passou a ser hostilizado pelo partido.
Em 2014, o ministro anunciou sua aposentadoria. Na época, foi sondado por vários partidos para disputar a Presidência da República, ocasião em que confidenciou que tinha uma dificuldade para levar o projeto à frente. “O partido com o qual eu mais me identificaria seria com aquele PT antigo, não esse PT de hoje, tomado por bandidos, pela corrupção. O PT de antes da candidatura Lula”, disse Barbosa, insinuando que o ex-presidente era responsável pela degradação ética da legenda.
Joaquim Barbosa se irritava quando ouvia insinuações de petistas de que ele era “traidor”. O ministro dizia em conversas reservadas que jamais esconderia as “safadezas” dos petistas ligados a Lula pelo simples fato de ter sido nomeado pelo ex-presidente. Embora fosse o maior beneficiário do esquema de corrupção, Lula não estava entre os denunciados do mensalão.
Depois da aposentadoria, Joaquim Barbosa se mudou para o Rio de Janeiro, onde tem um escritório de advocacia. Também se filiou ao PSB. Em 2018, o ex-ministro chegou a registrar 10% das intenções de votos nas pesquisas prévias para a Presidência da República, mas, de novo, optou por não disputar a eleição. No início deste ano, diante de novos rumores sobre uma eventual candidatura, ele se desfiliou do partido.