O ex-presidente Jair Bolsonaro evitou dar detalhes sobre o que foi tratado durante um encontro sigiloso no Palácio da Alvorada, realizado em outubro de 2021, com o então ministro Carlos Horbach, do Superior Tribunal Eleitoral (TSE).
A reunião não foi divulgada em agenda oficial, mas veio à tona após a quebra de sigilo do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, indicar as tratativas para viabilizar a ida do ministro ao palácio.
Doze dias após o encontro, o TSE rejeitou a cassação da chapa de Bolsonaro e Hamilton Mourão por participação em um esquema de disparo de fake news. Durante o julgamento, Horbach disse que não foram apresentados elementos que evidenciassem a propagação de notícias falsas. O encontro entre Bolsonaro e o ministro foi revelado pela Folha de S. Paulo.
Em entrevista a VEJA, Bolsonaro disse que o Palácio da Alvorada era a sua residência e evitou falar sobre o que foi tratado na reunião, descrevendo-a apenas como uma visita de cortesia.
“Recebi vários e várias vezes ministros do Supremo, autoridades mais variadas possíveis, de outros tribunais, e não foi constado em agenda. A não ser aquela que deveria ser constado, e eu constei. Mas por que surge esse ministro agora? Encontro secreto? Já começam a contar história. Vai que no dia seguinte acontece um problema no TSE que não tem nada a ver com a nossa conversa”, disse.
O ex-presidente ainda lembrou que no início do mandato divulgava todos os encontros na agenda, mas acabou mudando de comportamento. “De repente, a imprensa sabia dos nomes e começava a contar uma história. Eu falei: ‘Não, aqui é a minha residência e eu recebo quem eu quiser. E não bota na agenda’”, afirmou.