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‘Não entendi a polêmica’, diz delegado da PF que vetou saída de Lula

De acordo com Luciano Flores, negativa foi motivada apenas por "razões logísticas"; helicópteros foram deslocados para atender vítimas de Brumadinho

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 31 jan 2019, 16h17 - Publicado em 31 jan 2019, 15h19
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  • O superintendente da Polícia Federal no Paraná, delegado Luciano Flores, disse que “não entendeu a polêmica” em torno do indeferimento do pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — condenado e preso em Curitiba — para que o petista pudesse comparecer ao velório do irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá. De acordo com Flores, a negativa foi motivada apenas por “razões logísticas”.

    “Eu não entendi a polêmica. Não entendi qual foi a parte que não entenderam que simplesmente não era possível e não dependia da boa vontade de ninguém. Apenas não havia condições logísticas e policiais suficientes para garantir a segurança do próprio conduzido e dos agentes empregados numa grande operação policial que seria para efetivar um pedido como esse”, afirmou Flores durante coletiva da força-tarefa da Lava Jato sobre a fase 59 da Operação, deflagrada nesta quinta, 31.

    O irmão de Lula morreu na terça 29, vítima de um câncer, e foi sepultado na quarta 30, em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. Os advogados do ex-presidente pediram autorização para que ele pudesse sair da sala especial que ocupa na sede da PF em Curitiba — onde cumpre pena de 12 anos e um mês de reclusão no processo do triplex do Guarujá — e ir ao velório de Vavá. O superintendente se manifestou contra a saída de Lula.

    No parecer, o delegado afirmou que os helicópteros que poderiam ser utilizados na transferência do ex-presidente foram deslocados para atender as vítimas do desastre de Brumadinho, em Minas.

    “Imagine se nós usássemos uma aeronave particular, emprestada por alguém não se sabe quem, conduzida por um piloto que não se sabe quem ou o que está passando pela cabeça, conduzindo um ex-presidente da República com policiais federais armados”, afirmou Flores. “Quem garante que ele vá para o destino que ele deveria ir?”, questionou.

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    Luciano Flores afirmou que a provável concentração de manifestantes, pró e contra Lula, em torno do cemitério em São Bernardo do Campo, onde Vavá foi enterrado, era outra preocupação dos policiais. O delegado disse que o cenário atual e a dificuldade para garantir a presença do ex-presidente no velório eram grandes, inclusive quando comparadas com a liberação do petista para ver a mãe quando de sua prisão na ditadura militar, em 1980.

    “Pode ser feito não significa que deve se feito. Cada caso precisa ser analisado. E assim são deferidos vários pedidos anualmente para que os presos possam ir ao velórios. Eu não conheço nenhum caso, desses milhares que já foram deferidos, em que foi pego um preso de um estabelecimento penal onde estava recolhido, utilizado uma aeronave e gastos públicos milionários, para levá-lo a outro estado, onde houvesse uma militância e grande quantidade de manifestantes prós e contra. Eu não conheço na história do Brasil que isso tenha acontecido”, afirmou.

    Flores fez um desabafo sobre a recusa do pedido de Lula. Ele disse que a Polícia Federal não está contra ninguém e afirmou que a medida não teve nenhuma motivação ideológica.

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    “É necessário a gente aproveitar para esclarecer que não se trata de questão ideológica. A Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Justiça Federal são instituições públicas que estão há muito tempo demonstrando sua imparcialidade no combate à corrupção, evitando que ocorram novamente desvios como esses como o que está sendo demonstrado aqui”, afirmou, em referência às investigações de um esquema de propinas na Transpetro, subsidiária da Petrobrás, alvo da fase 59 da Lava Jato.

    O delegado disse que a Lava Jato não tem como foco um único partido ou apenas um governo. De acordo com ele, integrantes de diversas siglas já foram detidos pela operação, o que não significa que “um partido é bom ou ruim”. “Significa que existem pessoas que praticam crimes, pessoas que podem estar filiadas a um partido, exercendo um cargo público ou exercendo nada, não ter nenhuma ideologia. Não é isso que define se a pessoa presta ou não, se deve ser presa ou não. São os fatos aos quais ela pode ser responsabilizada”, concluiu.

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