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Nada escapa da disputa acirrada entre os dois principais ministros de Lula

Fernando Haddad e Rui Costa estiveram em lados opostos em dois casos recentes que geraram desgaste para o governo

Por Daniel Pereira, Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 jun 2024, 19h18

Desde o início do terceiro mandato presidencial de Lula, são recorrentes os embates entre os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Fazenda, Fernando Haddad. Os dois divergiram, por exemplo, sobre a reoneração dos combustíveis e o pagamento de dividendos extras a acionistas pela Petrobras. Eles também rivalizam sobre os rumos da política econômica. Em sintonia com a cartilha defendida pelo chefe, Rui Costa pressiona pelo afrouxamento das metas fiscais perseguidas por Haddad, alegando que estas podem prejudicar investimentos em programas sociais e obras públicas. A tensão entre os dois é permanente e não tem como pano de fundo apenas questões técnicas e administrativas.

Ambos sonham em disputar a Presidência da República. E ambos são considerados dentro do PT potenciais sucessores de Lula nas urnas quando o presidente não quiser ou não puder mais concorrer. Essa rivalidade pega fogo nos bastidores. Assessores do ministro da Fazenda costumam dizer que o chefe da Casa Civil sabota o quanto pode o trabalho da equipe econômica. Já Rui Costa externou a um grupo de parlamentares que Haddad incentiva a publicação de notícias sobre supostas irregularidades cometidas por ele, Costa, quando era governador da Bahia. Lula sabe disso tudo, mas, como de costume, deixa a briga correr solta.

Poder em jogo

Aliados de Haddad dizem que Rui Costa contribuiu para a derrocada da medida provisória que restringia o uso de créditos de PIS/Cofins por empresas, editada para cobrir a perda de arrecadação de 26 bilhões de reais com a prorrogação da desoneração da folha de pagamento. Diante das críticas de parlamentares e de representantes da indústria à MP, Lula deu um prazo de 48 horas para que Haddad e os articuladores políticos do governo tentassem um acordo para salvar o texto.

A oportunidade estava dada, já que estava prevista uma reunião de Haddad com representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Não deu certo. Horas antes desse encontro, o presidente da CNI, Ricardo Alban, teve uma audiência com Lula no Palácio do Planalto, que foi intermediada, conforme fontes do governo, por Rui Costa, o rival caseiro de Haddad. Ao sair da audiência com o presidente, Alban deu uma entrevista dizendo que o presidente lhe dissera que a MP seria revogada. A fala pegou de surpresa o ministro da Fazenda, que ainda tentou salvar a MP, mas não conseguiu.

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Quando a medida foi editada, o chefe da Casa Civil estava na China com Alban e outros empresários brasileiros. Na ocasião, Rui Costa chegou a ser perguntado sobre o texto, mas disse desconhecê-lo, apesar de ter participado de uma série de reuniões sobre o tema. Com o gesto, quis jogar o desgaste todo no colo de Haddad. O chefe da Casa Civil queria que o governo esperasse o seu retorno da viagem para anunciar a restrição ao uso do crédito de PIS/Cofins, mas não foi atendido.

Arroz amargo

A queda de braço nos bastidores do governo se estendeu também para o leilão de importação de arroz, anulado diante de suspeitas de irregularidades e favorecimento. A VEJA, o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Neri Geller, demitido do cargo em razão do caso, disse que era contrário ao pregão, assim como a Fazenda e o Planejamento, mas que todos foram vencidos por uma decisão de caráter eminentemente político tomada pela Casa Civil e a Agricultura. 

“Eu não aceitei ser o culpado do desastre, da forma como foi conduzido o leilão, porque não participei disso, minhas posições eram contrárias. As equipes técnicas da Fazenda também eram contrárias“, afirmou Geller. Aliados de Lula consideram a crise decorrente do maior desastre natural do Rio Grande do Sul, contexto do fracassado leilão, uma oportunidade para o governo mostrar capacidade de articulação e coordenação entre os ministérios, tarefas que cabem principalmente a Rui Costa, o gerente da máquina.

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