Se já não bastasse a invasão de fazendas e de prédios públicos, o MST criou uma nova forma de protesto. É o chamado “escracho”, como o próprio movimento anuncia nas suas redes sociais.
Sinônimo de bagunça, esculhambação, o “escracho” do MST é uma espécie de protesto-relâmpago, em que os militantes, muitas vezes utilizando máscaras, vandalizam um prédio com tinta, ovos e lama e abandonam o local rapidamente. Os alvos dos ataques são bem definidos: normalmente desafetos do movimento, como aconteceu recentemente em São Paulo, Mato Grosso e Alagoas.
Na última quarta-feira, o “escracho” foi em São Paulo, na sede do diretório do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lá, mascarados vandalizaram prédio com tinta vermelha, ovos e lama. Segundo o movimento, o ato teve o objetivo de denunciar a atuação do partido e outras siglas de direita contra projetos que tentam conter as invasões de terras.
No mesmo dia, o MST promoveu outro “escracho”, dessa vez no escritório de um fazendeiro em Rondonópolis (MT), que é apontado como responsável pelo desmatamento de uma área no Pantanal. Os militantes espalharam galões de veneno e carvão na porta do escritório da propriedade.
O MST também “escrachou” a prefeitura de Maceió, atirando peixes no chão e sururu no prédio. Segundo o movimento, o protesto em Maceió foi para que o prefeito João Henrique Caldas, que é do PL de Bolsonaro, seja responsabilizado pelos danos ambientais provocados por uma mineradora.
MST está no governo, tem no Conselhão e vai definir safra
As ações do MST também seguem uma bússola eleitoral. No início da semana passada, militantes do movimento se uniram a manifestantes que invadiram a Assembleia Legislativa do Paraná para protestar contra um projeto de lei que autoriza parcerias privadas a administrar escolas. O governador Ratinho Júnior (PSD) é potencial candidato à Presidência da República.
Apesar desse histórico, o MST ocupa vários cargos importantes no governo Lula. Militantes foram agraciados com cargos estratégicos na Presidência da República, no Ministério do Desenvolvimento Agrário e no Incra. O movimento também ganhou assento no Conselhão e faz parte do grupo que vai definir o destino de 70 bilhões de reais para financiar a agricultura familiar.