O presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse que o depoimento do porteiro que cita o presidente Jair Bolsonaro na investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) não tem o poder de derrubar o governo, mas causa uma perturbação. “Não dá pra derrubar o governo dessa forma, mas que perturba o andamento do serviço, como se diz na linguagem militar, perturba”, declarou Mourão na manhã desta quarta-feira, 30.
Mourão considerou o depoimento do porteiro muito fraco. “Não era o caso de ter feito escândalo todo que foi feito”, afirmou. Para ele, a reação do presidente Bolsonaro foi proporcional à notícia vinculando seu nome às investigações sobre a morte de Marielle. “Quando a pessoa é atingida de forma desleal, e sabe muito bem que não tem nada a ver com o processo, a pessoa se sente triste. Sente-se enraivecida. Acho que o presidente reagiu com bastante calma até.”
Mourão cobrou que a investigação seja feita “de forma correta” pela polícia do Rio de Janeiro. Segundo ele, o presidente tem autoridade para pedir que o porteiro seja ouvido por outras pessoas.
Mais cedo, Bolsonaro declarou que acionará o ministro da Justiça, Sergio Moro, para que o porteiro do condomínio preste um novo depoimento à Polícia Federal. “Esse inquérito está sendo conduzido lá pela polícia do Rio de Janeiro. A gente sabe que a polícia do Rio, parte dela, está envolvida nesse crime”, disse Mourão.
No Twitter, Mourão evocou os ataques que Bolsonaro fez à imprensa, mas sem mencionar nominalmente a Rede Globo, que veiculou a reportagem sobre o depoimento do porteiro. Mourão escreveu que a divulgação das informações veio “de quem nunca defendeu a verdade, a honestidade e o interesse nacional”.