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Ministro pagou serviços ao PDT com verba de ONG, diz pedetista

John Siever Dias, ex-dirigente do partido em SC, acusa Manoel Dias de usar entidade para repassar salário por trabalho na Universidade Leonel Brizola

Por Da Redação
17 set 2013, 10h22

Um ex-dirigente do PDT catarinense diz ter recebido salário por serviços partidários de uma entidade contratada pelo Ministério do Trabalho. O esquema irregular de pagamento ocorreu em 2008, durou pelo menos seis meses e foi montado pelo atual ministro da pasta, Manoel Dias, acusa John Siever Dias em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Em 2008, Siever, que mais tarde se tornaria presidente da Juventude do PDT, prestava serviço à Universidade Leonel Brizola, instituição bancada pela fundação homônima ligada ao partido. Ele afirma que seus pagamentos pelos serviços ao partido eram feitos pela Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Tijucas e Itajaí Mirim (ADRVale). Com sede na cidade catarinense de Brusque, a entidade firmou seis convênios com o Trabalho na gestão de Carlos Lupi (PDT), padrinho político de Manoel Dias, recebendo 11,3 milhões de reais.

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Fundador da Universidade Leonel Brizola, Manoel Dias, ou “Maneca”, preside desde aquela época a fundação do partido, que mantém a universidade, além do diretório estadual pedetista em Santa Catarina. “No fim de 2007 eu fui morar em Florianópolis com outros companheiros do partido. No início de 2008, o Maneca me ligou, ele estava na sede, eu estava viajando, e disse: �A partir de hoje tu é o responsável pela Universidade Leonel Brizola e pelos núcleos de base do partido�. A minha função era entrar em contato com o pessoal, fornecer o que precisaria para montar as telessalas”, diz John Siever.

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Segundo Siever, o ministro disse que ele seria remunerado pelo trabalho para o PDT e o dinheiro viria da entidade. “Ele disse que eu receberia uma remuneração. Dias depois, o Maneca e o Rodrigo Minotto (chefe de gabinete do ministro, também filiado ao PDT de SC) receberam na sede do partido em Florianópolis dois senhores de cabelos brancos. Meia hora depois disso, o Maneca chegou com esse senhor e disse: �’Olha, referente ao teu salário da universidade, você vai passar os seus dados para esse senhor, que você vai começar a receber por eles�’. Eu e um outro, chamado Fábio. O senhor anotou o telefone da ADRVale de Brusque, disse que era só ligar lá, que uma menina ira pedir nossos dados e isso resolveria o nosso problema.” John Siever prossegue: “O Maneca até olhou pra nós e disse: ‘�Resolvido?’� Ele falou em torno de 1 300 reais por mês. A partir daquele momento, no começo de mês, a gente ligava todo mês e cobrava.”

“Eu imaginava que não era coisa boa. Uma empresa que presta serviço para o estado estar me pagando? Mas quem iria confrontar o Maneca?”, afirma.

Repasses – A ADRVale tem como dirigentes Osmar Boos e Militino Angioletti, que foram filiados ao PDT entre 1992 e julho deste ano. Segundo o Portal da Transparência do governo federal, os recursos do Trabalho foram liberados para a ADRVale entre 2007 e 2012. A Polícia Federal chegou a investigar uma das parcerias, mas o caso acabou arquivado.

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O trabalho para a universidade se encerrou quando John Siever decidiu sair candidato a vereador pelo PDT, mas o salário não. “O Maneca continuou me pagando o mesmo valor”, diz o ex-dirigente, que afirma não saber a origem dos pagamentos na campanha. Ele não foi eleito.

Processo – Manoel Dias e seu chefe de gabinete, Rodrigo Minotto, negaram acerto para que a ADRVale fizesse pagamento ao prestador de serviços do PDT. Em nota, os dois disseram que “não havia fontes de recursos” para John Siever “porque o trabalho era de militante”. A nota diz que o ex-presidente da Juventude do PDT em Santa Catarina ingressou com ação na Justiça do Trabalho pedindo vínculo empregatício com o partido. “Ambas as ações estão extintas e prescritas pelo fato de o reclamante não comparecer às audiências para provar o que alegava.”

John Siever confirmou a ação trabalhista, mas explicou que o processo se refere à época em que ele morava na sede do PDT, e não aos serviços prestados à Universidade Leonel Brizola. “Eu limpava, abria e fechava a sede do partido entre 2009 e 2010. Achei que isso caracterizava vínculo. Mas depois me arrependi. Tanto que não fui a nenhuma audiência”, disse.

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O Ministério do Trabalho não quis dar esclarecimentos sobre os convênios da ADRVale. O de maior valor (6,9 milhões de reais) consta como “adimplente” no Portal da Transparência, embora a Controladoria-Geral da União (CGU) tenha apontado irregularidades.

A advogada da ADRVale, Ana Helena Boos, disse que a entidade está inativa, uma vez que não recebeu todos os recursos que lhe eram devidos pelo Ministério do Trabalho.

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(Com Estadão Conteúdo)

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