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Militares que participavam de grupo com Cid terão de dar explicações à PF

Investigadores querem ouvir oficiais que, em troca de mensagens, defenderam ações para contestar as eleições de 2022

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 jul 2023, 18h07

A Polícia Federal pretende ouvir nos próximos dias militares que participavam de um grupo no WhatsApp no qual foram defendidas ações para contestar o resultado eleitoral de 2022. As mensagens estavam registradas no telefone do tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro e que também integrava o grupo.

Conforme revelou VEJA, um roteiro de um golpe de Estado, com a previsão do afastamento de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e uma intervenção militar, foi encontrado no telefone o ex-auxiliar de Bolsonaro.

Investigadores da Polícia Federal também encontraram um grupo chamado “…Dosssss!!!”, do qual militares da ativa participavam. Nele, os oficiais discutiam o resultado das eleições e eventuais reações das Forças Armadas à vitória de Lula.

Interlocutores que acompanham as apurações afirmam que, além de Cid, esses militares se tornaram uma peça-chave para que seja esmiuçada a atuação das Forças Armadas em um eventual plano golpista. Por isso, eles serão intimados e terão de dar explicações sobre as mensagens trocadas.

Já o Exército, por outro lado, tem tratado o tema com cautela e avalia que não se devem usar apenas mensagens telefônicas para embasar as investigações. Além disso, o generalato costuma repetir que qualquer movimentação extremada se deu de maneira isolada e não escalou dentro do Alto Comando.

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Em um dos diálogos, realizado em 29 de novembro do ano passado, foi enviado um documento chamado “Carta dos Oficiais Superiores da Ativa ao Comandante do Exército Brasileiro”. À época, o material havia circulado em grupos de WhatsApp e, além de trazer críticas sobre o Judiciário, ressaltava que os oficiais estavam “atentos a tudo que está acontecendo”.

Os participantes, então, começaram a discutir se iriam endossar o documento e qual seria o efeito dele. “Vai ter careca sendo arrastado por blindado em Brasília?”, questionou um deles.

Dias dois antes, foram compartilhadas no grupo notícias sobre as aproximações entre o governo Lula e os militares e também sobre a antecipação da posse dos novos comandantes.

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Após algumas reclamações, foi perguntado a um dos integrantes qual ação deveria ser tomada. “Uma ação por parte do PR [presidente da República] e FA [Forças Armadas], que espero que ocorra nos próximos dias”, respondeu um participante.

Já no final de dezembro, o coronel Márcio Resende afirma que se Bolsonaro acionasse o artigo 142 da Constituição [que, sem nenhum respaldo golpista, versa que cabe às Forças Armadas a garantia da lei e da ordem], “não haverá general que segure as tropas”. “Ou participa ou pede para sair!!!”, acrescenta Resende.

Ele ainda acrescenta: “Se a gente não tem coragem de enfrentar o cabeça de ovo e uma fraude eleitoral, vamos enfrentar quem???”.

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