O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello afirmou nesta terça-feira que o vídeo que compara o presidente Jair Bolsonaro a um leão, e o STF, PSL, OAB e outras instituições, a hienas, pode ser encarado como uma “cortina de fumaça” para desviar o foco das revelações dos áudios do ex-assessor Fabricio Queiroz, que é investigado por recolher dinheiro de funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), a chamada ‘rachadinha’. O vídeo foi publicado na conta oficial do presidente no Twitter nesta segunda-feira e depois foi apagado diante da forte repercussão negativa.
“Eu tenho que nada surge sem uma causa. Qual seria a causa? Qual é o descontentamento com o Supremo? (…) Agora, é uma coincidência muito grande que esse foco surja justamente numa hora em que aparece essas coisas envolvendo o assessor Queiroz”, afirmou à Rádio CBN o ministro, que é o segundo mais velho da corte depois de Celso de Mello, que também criticou a publicação.
Nesta semana, o jornal Folha de S. Paulo e o jornal O Globo divulgaram áudios em que Queiroz aparece falando sobre a demissão de uma funcionária do gabinete de seu filho vereador Carlos Bolsonaro, pois haviam suspeitas de que ela não trabalhava efetivamente no local.
“Na época, o Jair falou para mim que ele ia exonerar a Cileide porque a reportagem estava indo direto lá na rua e para não vincular ela ao gabinete. Aí ele falou: ‘Vou ter que exonerar ela assim mesmo’. Ele exonerou e depois não arrumou nada para ela não? Ela continua na casa em Bento Ribeiro?”, afirmou o ex-assessor. Em outra gravação, Queiroz diz que o “MP está com uma p*** do tamanho de um cometa para enterrar na gente”.
Em viagem pela Ásia, Bolsonaro pediu desculpas pelo vídeo postado em sua rede social, prometeu que “haverá retratação” e afirmou que a funcionária do gabinete do filho, Cileide Barbosa Mendes, não era fantasma e que a sua demissão “não tem nada para espantar”.