Protestos contra Bolsonaro reúnem milhares no Brasil e no exterior
Atos contra o candidato foram liderados por mulheres sob o slogan #Elenão, criado por um grupo no Facebook. Houve manifestações em várias cidades da Europa
Por Da Redação
Atualizado em 29 set 2018, 23h12 - Publicado em 29 set 2018, 17h23
No mesmo dia em que recebeu alta do hospital, Jair Bolsonaro (PSL) foi alvo de manifestações contra sua campanha à Presidência da República que reuniram milhares de pessoas em dezenas de cidades brasileiras e no exterior. Os dois maiores protestos contra o candidato levaram uma multidão à Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, e ao Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
O ato na capital paulista reuniu manifestantes de vários partidos, do PSDB ao PSTU, e três candidatas a vice-presidente – Manuela D’Ávila (PCdoB), Kátia Abreu (PDT) e Sônia Guajajara (PSOL) -, além da presidenciável Marina Silva (Rede). Nenhuma delas subiu ao carro de som, que era ocupado só por mulheres.
“Tem o PT, tem a Rede, o pessoal do Ciro (Gomes), do (Guilherme) Boulos, é importante que estejam todos aqui. O cara nos uniu. Obrigada, Bolsonaro!”, brincou Angela Martins, professora universitária de 65 anos que estava no local.
A manifestação reuniu 150 mil pessoas, segundo os organizadores – a Polícia Militar não fez estimativa. Não foi registrado nenhum incidente grave, mas o protesto paralisou total ou parcialmente o trânsito em vias importantes como as avenidas Rebouças e Paulista.
Em pelo menos 15 cidades do interior de São Paulo, também houve manifestações. As maiores concentrações foram em Campinas – cerca de 2.000 pessoas, segundo a PM – e São José dos Campos – também 2.000 pessoas, mas segundo os organizadores. Também houve protestos em outros municípios importantes como Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Piracicaba, Bauru, São Carlos e Marília.
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Na Cinelândia, não houve estimativa de público, mas a multidão ocupou toda a praça e ruas do entorno. “Aqui tem pessoas brancas, negras, homossexuais, pessoas que são pais e mães de família e que são muito diversas. E esse tipo de candidato (Bolsonaro), esse tipo de política, não representa essa cultura brasileira que tem toda essa diversidade”, disse Beatriz Lorena, professora de 33 anos.
Em Brasília, o ato reuniu cerca de 5 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar. As manifestantes ocuparam três das cinco faixas da pista norte do Eixo Monumental.
Em Salvador, a cantora Daniela Mercury protestou cantando em um trio elétrico que circulou pela cidade com uma faixa onde se lia “Mulheres contra Bolsonaro”. Em Juiz de Fora (Minas Gerais), onde Bolsonaro sofreu o atentado a faca em 6 de setembro, manifestantes contrários a ele saíram em passeata pelas ruas do centro.
Pelo país também houve atos em Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Vitória, Florianópolis, Belo Horizonte, Natal, João Pessoa, Recife, Fortaleza, Aracaju, Palmas, Campo Grande, Manaus, Belém e Cuiabá.
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Exterior
Ao redor do mundo, ocorreram manifestações contra Bolsonaro em cidades dos Estados Unidos, Canadá, Argentina, Chile, Espanha, França, Portugal, Alemanha, Itália, França e Suíça.
Em Nova York, houve samba na rua, cartazes em português e inglês. O protesto reuniu homens, mulheres e crianças de todas as idades. Veja vídeo abaixo:
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Em Londres, a manifestação lembrou o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em março, no Rio de Janeiro.
Em Paris, cerca de 250 pessoas protestaram na Praça da República, no centro. Os manifestantes, a maioria mulheres brasileiras com idade entre 20 e 40 anos, levaram cartazes em português, francês e inglês com as mensagens como “Bolsonaro jamais” e “Ele não”. Em Lyon, também houve protesto (veja vídeo abaixo).
Na Alemanha, a principal concentração foi em Berlim, na qual predominaram cartazes em português, inglês e alemão, com críticas ao candidato.
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Em Portugal, houve atos em Lisboa, Coimbra e Porto. Muitas mulheres faziam alusão aos desencanto em relação ao futuro e às perspectivas em torno de políticas de gênero. Manifestações semelhantes ocorreram em Viena, Milão e Barcelona.
‘Barril de pólvora’
A ofensiva feminina foi lançada no início de setembro pelo grupo do Facebook “Mulheres unidas contra Bolsonaro”, uma convocatória “contra o avanço e o fortalecimento do machismo, misoginia, racismo, homofobia e outros tipos de preconceitos”. O grupo reúne mais de 3,8 milhões de pessoas.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada neste sábado, a criadora do grupo, a funcionária pública Ludimilla Teixeira, de Salvador, afirmou que “só acendeu um fósforo no barril de pólvora” com a criação do grupo. Ela diz ter ficado emocionada ao ver a cantora Madonna posar nas redes sociais com a mensagem do grupo. “Eu chorei quando vi.”
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As mulheres representam 52% do eleitorado e podem definir a eleição. Essa é a esperança da estudante Jessica Zaine, de 20 anos, que marchou por São Paulo com um cartaz que dizia: “Quem poderia imaginar que o direito a votar da mulher conquistado em 1932 fosse salvar o Brasil em 2018?”
(Com Estadão Conteúdo, Agência Brasil, France Presse e Reuters)
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