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Mais derrotas do que vitórias: Bolsonaro sai como o ‘pé-frio’ das urnas

Dos 14 candidatos a prefeito que o presidente apoiou, só 5 tiveram sucesso no primeiro turno; dos 59 postulantes a vereador, só 10 foram eleitos

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Juliana Castro Atualizado em 10 dez 2020, 11h13 - Publicado em 16 nov 2020, 09h45
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  • No fim de agosto, o presidente Jair Bolsonaro declarou que não participaria das eleições municipais de 2020. Com a justificativa de que tinha “muito trabalho na Presidência”, o objetivo era claro: não se associar a nenhuma derrota nas urnas que pudesse indicar sinais de fragilidade para o pleito de 2022. Mas o capitão não cumpriu a promessa: nas últimas semanas, dedicou tempo precioso para pedir votos a apadrinhados, exibir santinhos e cartazes, distribuir “colinhas” nas redes e gravar peças de campanha. Ele mesmo batizou as  últimas lives de “horário eleitoral gratuito” de Jair Bolsonaro.

    No domingo da eleição, no entanto, o resultado do esforço revelou-se uma decepção: dos 14 candidatos a prefeito que declarou apoio, apenas cinco tiveram sucesso no primeiro turno – Marcelo Crivella (Republicanos) e Capitão Wagner (Pros) avançaram para o segundo turno no Rio de Janeiro e Fortaleza, respectivamente; e foram eleitos Mão Santa (DEM) em Paranaíba (PI), Gustavo Nunes (PSL) em Ipatinga (MG) e Divaldo Lara (PTB) em Bagé (RS).

    Dos candidatos a vereador, proporcionalmente, o fiasco foi ainda maior: dos 59 postulantes a quem fez propaganda aberta, só 10 foram eleitos. Em lives nas redes, Bolsonaro até chegou a dizer que iria “pegar mal” para ele se as candidatas Sonaira Fernandes (Republicanos) e Clau de Luca (PRTB) em São Paulo não fossem eleitas – a primeira acabou conquistando a vaga nas últimas posições e a segunda, não. Também não vingou a candidatura de Wal do Açaí (Republicanos), em Angra dos Reis, a funcionária fantasma de seu gabinete que foi às urnas com o nome de Wal Bolsonaro; e a de Alex Ceará (PSC), em Fortaleza, “o primeiro que organizou um evento de aeroporto pra mim”, segundo propagandeou o presidente.

    Foi na disputa às prefeituras, no entanto, que Bolsonaro confirmou o apelido que ganhou dos opositores nas redes – o “Mick Jagger da Política”, em referência ao roqueiro “pé frio” dos jogos da Copa do Mundo. Em São Paulo, Celso Russomanno que largou na disputa municipal na frente viu o seu apoio derreter à medida que mais se colava ao presidente. Acabou em quarto lugar com 10% dos votos. O mesmo ocorreu com a candidata à prefeitura de Recife, Delegada Patrícia (Podemos), que declarou ao lado do capitão que iria “varrer a esquerda” na capital pernambucana, e amargou a quarta posição, com 13,6% dos votos.

    Em Belo Horizonte, o candidato Bruno Engler (PRTB) não fez nem cócegas no prefeito Alexandre Kalil (PSD), reeleito em primeiro turno. Ficou com 10% dos votos enquanto o ex-cartola conquistou 63%. Líder de um movimento de direita, Engler foi a Brasília gravar live com o presidente e até declarou que passaria a senha das suas redes sociais a Carlos Bolsonaro. A derrota dele confirmou a máxima de que os radicais bolsonaristas podem até fazer barulho na internet, mas têm poucos votos. Em Manaus, capital onde Bolsonaro tem um dos melhores índices de aprovação, outro revés: o candidato Coronel Menezes (PSC) terminou na quinta colocação, com 11,32% dos votos válidos.

    Um dos maiores termômetros para Bolsonaro era a eleição de seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos). Mesmo com todo o apoio do presidente, que publicou diversas vezes o número de urna do filho nas redes sociais, o Zero Dois perdeu votos em relação ao pleito municipal passado e a posição de vereador mais votado da capital fluminense para o rival Tarcísio Motta (PSOL), o que deixou um gosto amargo no clã. Reeleito, Carlos ficou em segundo lugar, com 71.000 votos – número bem menor do que os 106.657 votos que ele recebeu em 2016.  A mãe do Zero Dois, Rogéria Nantes (Republicanos), não foi eleita. Recebeu 2.034 votos e não entrou nem entre os 20 candidatos mais votados do próprio partido.

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    Diante dos insucessos, Bolsonaro ainda tentou esconder o rastro nas redes sociais dos apoios que fez – apagou uma colinha que postou no sábado – e tentou minimizar o papel que desempenhou no pleito deste ano. “Minha ajuda a alguns poucos candidatos a prefeito resumiu-se a 4 lives num total de 3 horas”, escreveu ele. A explicação, no entanto, não convenceu nem os seus apoiadores mais aguerridos, como o escritor Olavo de Carvalho e o assessor especial Filipe Martins. “Ou fazemos a devida auto-crítica ou nossos erros cobrarão um preço ainda maior no futuro”, publicou o último.

    Confira no levantamento abaixo o desempenho dos nomes apoiados pelo presidente:

    Postulantes a prefeitura não eleitos

    Celso Russomanno (Republicanos) – São Paulo

    Bruno Engler (PRTB) – Belo Horizonte

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    Delegada Patrícia (Podemos) – Recife

    Coronel Menezes (Patriota) – Manaus

    Oscar Rodrigues (MDB) – Sobral

    Júlia Zanatta (PL) – Criciúma

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    Doutor Serginho (Republicanos) – Cabo Frio (RJ)

    Morgana Macena (MDB) – Cabedelo (PB)

    Ivan Sartori (PSD) – Santos (SP)

    Postulantes a prefeito eleitos no primeiro turno

    Gustavo Nunes (PSL) – Ipatinga (MG)

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    Mão Santa (DEM) – Parnaíba (PI)

    Divaldo Lara (PTB) – Bagé (RS)

    Postulantes a prefeito que passaram ao segundo turno

    Marcelo Crivella (Republicanos) – Rio de Janeiro

    Capitão Wagner (PROS) – Fortaleza

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