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Maioria dos brasileiros rejeita comemorar golpe de 1964, diz Datafolha

Pesquisa mostra que 57% desprezam data e 36% defendem celebrações. Na semana que antecedeu os 55 anos do golpe, Jair Bolsonaro pediu 'comemorações devidas'

Por Redação
Atualizado em 6 abr 2019, 10h32 - Publicado em 6 abr 2019, 10h23
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  • Uma pesquisa do Datafolha divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo neste sábado, 6, mostra que a maioria dos brasileiros rejeita comemorações ao golpe militar de 1964, como sugeriu o presidente Jair Bolsonaro na semana que antecedeu o aniversário de 55 anos da derrubada do ex-presidente João Goulart, completados no último domingo, 31 de março.

    Segundo o instituto de pesquisas, 57% dos brasileiros entendem que a data deve ser desprezada, enquanto 36% defendem que o golpe deve ser comemorado e 7% não souberam responder ou não quiseram opinar.

    Entre os que são contrários a comemorações, destacam-se os 64% de pessoas entre 16 e 24 anos de idade, 67% dos que têm ensino superior completo e 72% daqueles cuja renda fica acima de dez salários mínimos. A faixa etária que mais apoia a celebração do golpe é acima dos 60 anos de idade (42%), assim como 43% das pessoas com ensino fundamental completo e 39% com renda até dois salários mínimos.

    Em todos os recortes de idade, escolaridade e renda, conforme o Datafolha, a maioria dos entrevistados defende que a data do golpe militar deve ser desprezada.

    Entre os que declararam preferências por partidos políticos, 64% dos partidários do MDB, sigla que se opôs ao regime militar, defendem a comemoração do golpe, número que é de 61% entre os simpatizantes do PSL, de Jair Bolsonaro, e de 48% entre os eleitores do PSDB. Legendas de esquerda também têm partidários entre os defensores da exaltação do golpe: 28% daqueles que preferem o PT e 4% dos que se alinham ao PSOL.

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    No recorte que analisa especificamente os eleitores de Bolsonaro, 49% entendem que a data deve ser comemorada e 43%, desprezada.

    O Datafolha entrevistou 2.086 pessoas em 130 municípios brasileiros entre os dias 2 e 3 de abril. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos.

    ‘Comemorações devidas’

    No dia 25 de março, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, anunciou que o “presidente já determinou ao Ministério da Defesa que faça as comemorações devidas com relação a 31 de março de 1964, incluindo uma ordem do dia, patrocinada pelo Ministério da Defesa. Após uma série de reações negativas, Bolsonaro, que enquanto deputado já soltou fogos de artifício para comemorar o golpe, tentou amenizar e disse que tratava-se de “rememorar”.

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    Quatro dias depois, a juíza Ivani Silva da Luz, da 6ª Vara Federal Cível do Distrito Federal, chegou a proibir liminarmente o governo de celebrar o dia 31 de março, atendendo a um pedido da Defensoria Pública da União (DPU), decisão que foi cassada em 30 de março pelo do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1).

    No domingo, 31, um vídeo que faz uma defesa do golpe militar de 1964 foi distribuído pelo Palácio do Planalto. O material descreve os acontecimentos do dia 31 de março de maneira semelhante à forma como o presidente Jair Bolsonaro e alguns ministros tratam do assunto.

    O conteúdo traz um apresentador elogiando a ação do Exército no golpe: “O Exército nos salvou. O Exército nos salvou. Não há como negar. E tudo isso aconteceu num dia comum de hoje, um 31 de março. Não dá para mudar a história”, diz o vídeo.

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    Um dos trechos da fala dele afirma que “era, sim, um tempo de medo e ameaças, ameaças daquilo que os comunistas faziam onde era imposto sem exceção, prendiam e matavam seus próprios compatriotas” e “que havia, sim, muito medo no ar, greve nas fábricas, insegurança em todos os lugares”.

    A peça foi distribuída por um número oficial de WhatsApp do Planalto, usado pela Secretaria de Comunicação da Presidência para o envio de mensagens de utilidade pública, notícias e serviços do governo federal.

    Inicialmente, não havia sido identificado o responsável pelo vídeo, mas, no dia seguinte à divulgação, um empresário de São Paulo reivindicou a produção do conteúdo.

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