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Lula vence e confirma uma das maiores ressurreições políticas do país

Presidente eleito passou 580 dias preso em Curitiba

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 out 2022, 23h07 - Publicado em 30 out 2022, 19h57

Eleito neste domingo, 30, com  uma diferença de cerca de 2 milhões de votos em relação a Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva estava preso em Curitiba quando viu da TV de sua cela de 15 metros quadrados a vitória de Jair Bolsonaro, em 2018, sobre Fernando Haddad (PT). Antes disso, em março de 2016, o petista foi alvo da ira de manifestantes que foram às ruas de todo o país tão logo o então ministro Sérgio Moro derrubou o sigilo de um grampo telefônico da então presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, Lula estava prestes a ser nomeado ministro da Casa Civil, em uma empreitada que teve um duplo objetivo: salvar o governo petista (Lula trataria de negociar uma pacificação com o Congresso) e, principalmente, dar foro privilegiado ao ex-presidente (e tirar de Curitiba as investigações contra ele). A nomeação foi barrada pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, e Dilma sofreu um impeachment no fim daquele ano.

Principal alvo de Moro, o petista passou 580 dias no cárcere, entre abril de 2018 e novembro do ano seguinte. Acusado e condenado a mais de 25 anos de cadeia na Operação Lava-Jato, Lula enfrentou três mortes nesse ínterim (em fevereiro de 2017 ele havia perdido a esposa, Marisa Letícia): a do amigo e advogado Sigmaringa Seixas, do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, e do neto Arthur, de apenas sete anos. Nesse último caso, ele obteve autorização da Justiça e pode deixar a cadeia para ir ao velório da criança.

Quando deixou definitivamente a sede da Polícia Federal de Curitiba, devido à mudança de entendimento do Supremo acerca da prisão em casos de condenação em segunda instância, o então ex-presidente disse que não guardava rancor. “Eu saio daqui sem ódio. Aos 74 anos meu coração só tem espaço para amor porque é o amor que vai vencer neste país”.

As reviravoltas jurídicas e políticas de Lula começaram a ocorrer a partir daí. Em março de 2021 ele recuperou a elegibilidade, após o ministro Edson Fachin, do STF, anular todas as suas condenações na Lava-Jato, sob o argumento de que a 13° Vara Federal de Curitiba não tinha competência para julgar os casos do apartamento tríplex do Guarujá, do Instituto Lula e do Sítio de Atibaia. No mesmo ano, a 2° Turma do STF declarou a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, o que resultou na anulação de todas as acusações que foram feitas ao petista.

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Com o caminho jurídico aberto, Lula iniciou a disputa pela Presidência da República e se colocou como principal adversário de Jair Bolsonaro. Movimento importante na campanha, fechou uma aliança considerada improvável com o ex-adversário Geraldo Alckmin,  que passou a ser o vice da chapa. A ampla coligação rendeu ao petista a vitória no primeiro turno, com seis milhões de votos sobre o adversário. No segundo turno, com o apoio da ex-presidenciável Simone Tebet (MDB) e de uma ampla frente de políticos, como Fernando Henrique Cardoso e José Serra, Lula enfim triunfou.

Em maio de 2022, dois anos e meio depois de deixar a prisão e poucos meses antes de se tornar presidente pela terceira vez, Lula se casou com a socióloga Rosângela Silva, em uma festa para poucos convidados em São Paulo. Próxima primeira-dama do Brasil, Janja, como é conhecida, teve papel importante na campanha que se encerrou neste domingo, 30. Ele participou das principais reuniões e eventos, introduziu no discurso de Lula temas novos (como o cuidado aos animais) e fez ponte com a cantora Anitta, um dos primeiros apoios de peso do meio artístico para o agora futuro mandatário do Brasil.

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