Aliados de Lula demonstram um certo descontentamento com a presença constante da primeira-dama Janja da Silva em reuniões oficiais ao lado do presidente. Com forte atuação na área cultural, interlocutores dizem que partiu dela a indicação, por exemplo, da ministra da Cultura Margareth Menezes.
Segundo pessoas próximas ao presidente, a primeira-dama dá opinião sobre vários temas e não poupa críticas nem mesmo aos petistas. Um dos principais assessores de Lula relatou a VEJA que o presidente não pretende interferir nas manifestações de sua companheira. Para ele, esse seria um dos diferenciais de seu terceiro mandato.
“Essa mulher salvou minha vida. Ela recuperou minha energia e percebe coisas que ninguém percebe”, disse Lula a um de seus assessores.
Janja é filiada ao PT desde os 17 anos e conheceu Lula ainda durante as chamadas Caravanas da Cidadania, nos anos 90. A proximidade veio com o acampamento de militantes em Curitiba, em 2018, quando o presidente estava preso no âmbito da operação Lava Jato. Em maio do ano passado, Janja se casou com Lula e desde então ajuda o marido a formatar o seu discurso.
Neste terceiro mandato, Lula tem demonstrado estar mais centralizador do que nunca. Segundo aliados, o comportamento tem a ver com a idade e a pressa em ver seus projetos realizados. É nesse contexto que Janja surge como uma das principais e mais influentes conselheiras do presidente, ao ponto de gerar descontentamento e ciúmes em petistas mais antigos.