Lula rifa pautas progressistas para tentar salvar a agenda de Haddad
Para aprovar propostas da área econômica, governo não pretende se envolver em debates sobre drogas e aborto, temas caros ao próprio PT

O governo corre contra o tempo para aprovar ainda este ano propostas consideradas prioritárias pelo presidente Lula e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O foco no Congresso é a agenda econômica, com destaque para as iniciativas destinadas a aumentar a arrecadação federal e, assim, permitir a melhoria das contas públicas. Nos últimos dias, ministros e articuladores políticos do Planalto procuraram integrantes das cúpulas da Câmara e do Senado para pedir apoio a matérias como a taxação de fundos exclusivos e a reforma tributária.
Nessas conversas, eles deixaram claro que o governo concentrará esforços pela aprovação da agenda de Haddad e não se envolverá com pautas progressistas, como a legalização da maconha e a flexibilização das regras sobre aborto. Esses dois temas contam com o apoio do próprio PT, mas enfrentam forte resistência num Congresso que, atualmente, é controlado por políticos conservadores e partidos de direita.
Em seu esforço para conseguir apoio, o governo tem dito que até os vetos ao projeto que restitui o marco temporal — defendidos pelos indígenas mas que devem ser derrubados por deputados e senadores — só foram realizados por Lula porque o Supremo Tribunal Federal decidiu que a regra é inconstitucional. A argumentação dos assessores presidenciais parece ter surtido o efeito esperado. Numa conversa com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o comandante do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que se empenhará pela votação dos projetos econômicos.