O Tribunal de Justiça de São Paulo prorrogou a prisão temporária de policiais do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) e de criminosos investigados por envolvimento com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) no estado. A medida foi solicitada à 6ª Vara Criminal de Campinas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco). O prazo anterior para manter os detidos sob custódia da Polícia Civil terminaria nesta quarta-feira.
O promotor José Claudio Tadeu Baglio, do Gaeco, afirmou que ainda não há data para apresentar a denúncia com o indiciamento dos suspeitos à Justiça – o que deve revelar o detalhamento de cada crime cometido pelos policiais. “Queríamos ter encerrado, mas foi necessário pedir a prorrogação das prisões porque estamos colhendo muitas provas ainda e realizando oitivas”, disse Baglio.
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Ao todo, 22 pessoas foram indiciadas e presas desde que a operação foi deflagrada, em 15 de julho. Dezoito continuarão detidos por pelo menos mais trinta dias. Isso porque, dos treze policiais do grupo investigado, cinco conseguiram habeas corpus para responder em liberdade: os delegados Clemente Calvo Castilhone Júnior e Fábio do Amaral Alcântara, o investigador Mark de Castro Pestana e os agentes policiais Renato Peixeiro Pinto e Rodrigo de Longhi Gomes de Mello.
Na semana passada, a Justiça negou liberdade ao investigador Jandré Gomes Lopes de Souza, suspeito de ter participado de falso flagrante e praticado violência contra Monique Maria de Souza, suposta integrante da quadrilha do traficante Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, líder do PCC na região.
Grampo – O Ministério Público flagrou, em escutas telefônicas, conversas em que Andinho – preso desde 2002 em Presidente Venceslau – dizia pagar propina a policiais em troca do vazamento de informações sobre operações de combate ao tráfico de drogas no interior paulista. Os bandidos teriam pago até 300.000 reais por ano para policiais do Denarc, suspeitos de crimes como corrupção, extorsão mediante sequestro, tortura e formação de quadrilha. O esquema teria rendido 2 milhões de reais para os policiais, segundo o relatório do Gaeco.
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