O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta segunda-feira, 13, que a Polícia Federal (PF) já tem uma equipe definida para atuar nas investigações da execução da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), que completa cinco meses na terça-feira, 14, sem qualquer solução. Delegados da corporação no Rio e de fora do estado foram selecionados, disse Jungmann. Os policiais só vão atuar no caso, no entanto, se forem solicitados pelo governo fluminense ou pelo Ministério Público estadual.
Segundo o ministro, a PF está pronta para entrar nas investigações, diante da sua complexidade. “Logo no início foi cogitada a federalização das investigações pela Procuradoria Geral da República, mas o MP do Rio não quis. Passados 150 dias, a gente tem a obrigação de colocar a PF à disposição, para ajudar ou assumir (o caso). Isso não quer dizer que estou desqualificando a equipe que trabalha”, disse Raul Jungmann, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio, após anúncio de programa conjunto para a construção de presídios por meio de parcerias público-privadas.
“Não é que se queira isso (que a PF assuma). É uma responsabilidade enorme. Estamos dispostos a compartilhar essa responsabilidade, se quiserem”, afirmou. Ele declarou, ainda, que a elucidação do crime é “questão de honra” para o presidente Michel Temer (MDB).
Jungmann ponderou, entretanto, que a atribuição sobre as investigações é estadual e ressalvou que não recebe informações dos investigadores da Delegacia de Homicídios sobre a condução do caso. “A PF não pode fazê-lo (assumir). É preciso que haja requisição”. Como o Rio está sob intervenção federal na segurança, o ministro disse que o pedido poderia vir do gabinete de intervenção.
Nesta segunda, Raul Jungmann voltou a dizer que a complexidade das investigações se deve ao fato de haver envolvimento de “políticos e agentes públicos” no homicídio. “Isso me parece algo óbvio”, afirmou.
Conforme VEJA revelou na última sexta-feira, 10, uma das linhas de investigação envolve três deputados estaduais do MDB alvos da Lava Jato no Rio: Jorge Picciani, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio, em prisão domiciliar, Paulo Melo e Edson Albertassi. Por essa tese, o crime teria sido encomendado por causa de uma disputa política. Jungmann não comentou essa possibilidade.