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Joesley roubou e foi tomar champanhe em NY, diz aliado de Temer

Deputados de PMDB e DEM dizem que o presidente Temer acertou o tom ao discursar neste sábado sobre as acusações feitas pelo dono da JBS em delação premiada

Por Felipe Frazão Atualizado em 24 Maio 2017, 18h46 - Publicado em 20 Maio 2017, 20h34

Enquanto a oposição denunciou a falta de explicações do presidente Michel Temer (PMDB) no novo pronunciamento na TV neste sábado aliados avaliaram que o discurso acertou o tom e foi ao encontro a um dos temas mais comentados redes sociais: o fato de que os irmãos Wesley e Joesley Batista, delatores e donos da JBS, terem ficado até agora livres, apesar da confissão de crimes, conforme a imunidade garantida pelo acordo de colaboração premiada. O tema gerou engajamento negativo na internet.

“A repercussão está muito boa, as redes sociais estão indignadas. Temer resolveu enfrentar e foi perfeito com aquela frase. O cara [Joesley] aprontou, assaltou o país, ganhou absolvição num curto espaço de tempo e está passeando em Nova York. Os dois irmãos ganharam liberdade, passaporte livre, estão passeando, visitando sex shop. Eu e você estamos trabalhando enquanto eles tomam uma champanhe de 5 000 dólares”, disse o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS).

Era manhã de sábado quando Temer decidiu fazer o segundo pronunciamento depois de virar alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi aconselhado por seus defensores e auxiliares a denunciar a suposta adulteração no áudio gravado por Joesley Batista e calibrar o discurso para bater pesado na imunidade que o dono da JBS ganhou.

A perícia particular contratada pelo jornal Folha de S. Paulo foi o principal motivo que levou Temer a fazer novo pronunciamento, segundo parlamentares que o acompanhavam. A análise privada (sem validade para o processo no STF) apontou ao menos 50 cortes na gravação, o que reforçou o discurso de Temer e deu argumentos para sua defesa.

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“Os técnicos que Janot pediu para analisar a fita eram um financeiro e outro de informática. Eles fizeram análise perfunctória, sem nenhum aparelho. Os caras escreveram isso constrangidos. Essa base superficial serviu para indiciar o presidente. Nunca vi isso na história da República. Ou foi precipitação ou conspiração da Procuradoria”, disse Perondi.

Quanto à falta de ação de Temer ao ouvir relatos de obstrução da Justiça cometidos por Joesley, Perondi disse que Temer “não é policial, nem estava acreditando na versão do empresário”. O dono da JBS que contou que havia zerado débitos com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-deputado preso em Curitiba na Operação Lava Jato, e que recebia informações privilegiadas de um procurador, além de acesso a juízes federais.

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O presidente passou o dia reunido no Palácio da Alvorada com ministros e parlamentares dos principais partidos de sua base – PMDB, DEM, PSD e PSDB. A ordem é articular a defesa de Temer e dar seguimento à pauta de reformas que foi paralisada no Congresso. O domingo deve ser de mais reuniões.

“O presidente foi muito firme em sua fala. Deixou claro sob todos os aspectos que não cometeu nenhum ilícito. A repercussão na bancada do PMDB foi muito forte de união e apoio ao presidente Michel Temer na condução do nosso país e no avanço da pauta de recuperação de nossa economia”, disse o líder na Câmara, Baleia Rossi (SP), cujo pai, o ex-ministro Wagner Rossi, também foi implicado em ilegalidades por Joesley Batista.

Democratas

Por enquanto, o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), que avaliava pedir demissão, permanece no cargo, conforme o líder do partido na Câmara, deputado Efraim Filho (PB). O parlamentar afirmou que o DEM quer acesso à íntegra das gravações para saber se houve ou não a adulteração denunciada por Temer e então poder deliberar sobre uma debandada da base aliada.

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“Temer atacou dois pontos que considero estratégicos: primeiro realçou o principal ativo do governo, a saída da crise econômica e a retomada do crescimento. Dá para perceber nas ruas o lamento por esses episódios estarem ocorrendo nesse momento. E o segundo ponto, ele atacou aquilo que tem causado a maior indignação na sociedade, a benevolência com os infratores, os irmãos JBS, porque cometeram crimes e saíram ricos, quebraram o Brasil e saíram faturando dinheiro”, disse o líder do Democratas. “O momento é delicado, continua grave, mas ele fez o que se espera na crise, mostrou transparência e resposta rápida. Vamos ver se ela se sustenta”, disse.

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