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Indicada por Dodge para Lava Jato tem histórico contra corrupção

Nova chefe de área penal da PGR, Raquel Branquinho atuou no caso Banestado, na prisão de ex-banqueiro e na formulação da denúncia do mensalão

Por Da Redação
Atualizado em 25 set 2017, 15h26 - Publicado em 25 set 2017, 11h06
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  • Sucessora de Rodrigo Janot no comando do Ministério Público Federal (MPF), Raquel Dodge colocou na chefia da área criminal uma procuradora conhecida por estar sempre do lado oposto ao de políticos e empresários encrencados com a Justiça. Nova titular da Secretaria Penal da Procuradoria-Geral da República (PGR), à qual o grupo de trabalho da Operação Lava Jato será subordinado, Raquel Branquinho tem histórico de atuação em grandes casos de combate a desvios de dinheiro público e é vista como uma das melhores investigadoras criminais do Ministério Público.

    Com 46 anos, Raquel Branquinho dedicou os últimos vinte ao MPF. Foi no Rio de Janeiro que ela se especializou na área criminal e atuou em casos como o Marka-FonteCindam, que investigou presidente e diretores do Banco Central e levou o banqueiro Salvatore Cacciola à cadeia.

    Na procuradoria federal do Rio, ex-colegas de Branquinho contam uma história. Em 2004, ela investigava Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil no governo Lula e ex-presidente da Loterj. Ao fim de um depoimento, ele teria entregue à procuradora uma cartela de “raspadinha”, ao que Raquel Branquinho teria respondido: “Eu vou raspar. Mas se houver um prêmio o senhor sairá preso por tentativa de corrupção”. “É exatamente o que se pode esperar dela”, diz um ex-colega.

    Do Rio foi para Brasília, onde já teve passagem pela PGR, quando ajudou na elaboração da denúncia do mensalão.

    ‘Fora do padrão’

    “Fiquei muito impressionado com a capacidade de trabalho dela”, disse o procurador Artur Gueiros. Segundo ele, a procuradora digitava enquanto discutia com os colegas a estratégia que seria usada. Ao fim de uma hora de reunião, relatou o colega, Raquel Branquinho imprimia a peça jurídica pronta para dar andamento ao caso. “Ela foge um pouco do padrão. De uma reunião que era para discutir, saíamos com uma petição de cinquenta páginas digitada”, disse Gueiros, que já era procurador criminal quando ela chegou ao Rio.

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    “A gente estudava muito, não tínhamos grandes recursos. Líamos e destrinchávamos relatórios do BC, da Receita, para cruzar os dados que podíamos”, afirmou o procurador. “Ela é uma das pessoas mais combativas que eu conheço, é incansável, sempre disposta. Ela não vai se intimidar”, disse a procuradora regional Luciana Guarnieri. As duas entraram na carreira no mesmo concurso, em 1997, tomaram posse no mesmo dia e foram atuar em Campinas (SP).

    Operacional

    Raquel Branquinho é de Franca (SP) e fez faculdade de direito na Unesp. No interior paulista, os procuradores não tinham área de especialização e faziam desde ações criminais até questões de tutela coletiva, como defesa do direito ambiental. Na época, Luciana e Raquel trabalharam juntas ao desvendar fraudes em um consórcio que lesou habitantes de uma cidade próxima. De manhã cedo, contou Luciana, a colega – e hoje amiga – ligava perguntando se os demais já estavam a caminho do Ministério Público. “Ela é talhada para a função.”

    Já em Brasília, ao lado da procuradora Valquíria Quixadá, Raquel Branquinho atuou no caso Banestado – mapeou os destinatários das movimentações financeiras via contas CC5 da agência do banco brasileiro em Nova York. Raquel Branquinho, disseram colegas próximos, não é de perfil acadêmico, mas operacional. Não optou pelo mestrado.

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    Segundo colegas que dividiram com ela o trabalho em Brasília, a procuradora não espera um despacho escrito chegar à sua mesa. Se precisa de que uma diligência seja feita pela polícia, vai pessoalmente conversar com o delegado e procura integrar os órgãos envolvidos na produção de provas – polícia, Receita e Ministério Público.

    (Com Estadão Conteúdo)

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