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Imagem de Bolsonaro não impulsiona campanha de Crivella no Rio

Prefeito está em segundo nas pesquisas, mas ainda não consolidou ida para o segundo turno mesmo ao lado do presidente na propaganda eleitoral

Por Cássio Bruno 16 out 2020, 16h22

Candidato à reeleição pelo Republicanos, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, por enquanto, não cresceu nas pesquisas de intenção de votos – duas do Ibope e uma do Datafolha – mesmo com o aval do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para usar sua imagem na propaganda eleitoral. Crivella está em segundo lugar e tecnicamente empatado com a deputada estadual Martha Rocha (PDT) e a deputada federal Benedita da Silva (PT). Eduardo Paes (DEM), ex-prefeito, é o líder. Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Crivella tem a maior rejeição entre 14 candidatos. O uso de vídeos e fotos ao lado de Bolsonaro por Crivella na campanha, mesmo sem o apoio oficial do presidente, é a principal aposta do prefeito para vencer.

Nas duas pesquisas do Ibope, Crivella manteve 12%. O índice de rejeição chegou a 57%. Paes registrou 30% nas intenções de voto, no último dia 15. Martha, 8%, e, Benedita, 7%. Já na do Datafolha, divulgada no dia 8, Crivella tem dois pontos a mais: 14%. Paes ficou com os mesmos 30% na capital. Martha marcou 10% e, Benedita, 8%. A rejeição dos cariocas ao prefeito atingiu 59%. Em setembro, o Instituto Paraná Pesquisa revelou que seis de cada dez cariocas consideram a gestão de Crivella ruim (12%) ou péssima (48,6%).

Nos bastidores, Jair Bolsonaro pediu a aliados que ajudassem Marcelo Crivella. Na avaliação do presidente, o desgaste da gestão do prefeito do Rio pode deixá-lo de fora do segundo turno. Bolsonaro, porém, já avisou que não pedirá votos a nenhum candidato aliado no primeiro turno em todo o país. Filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, são filiados ao Republicanos de Crivella. A ex-mulher, Rogéria, candidata a uma vaga na Câmara, também está no partido.

VEJA apurou que a dificuldade de Crivella nas pesquisas preocupa o prefeito, que esperava melhor desempenho ao aparecer ao lado de Jair Bolsonaro. A exploração da imagem do presidente na campanha, no entanto, era para ocorrer mais perto do primeiro turno da eleição, marcada para 15 de novembro. A mudança na estratégia se deu porque outro candidato, o deputado federal Luiz Lima (PSL), começou a corrida eleitoral em busca dos eleitores bolsonaristas. Na sua propaganda, Lima se apresenta como “diferente de tudo o que está aí”. Em algumas inserções na TV, o parlamentar usou o número do partido em camisas da seleção brasileira, como fez Jair Bolsonaro em 2018. Em contrapartida, o deputado não tem autorização para utilizar a imagem de Bolsonaro, que deixou o PSL em novembro do ano passado após brigar com a cúpula da legenda.

Ricardo Ismael, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), afirma que o eleitorado carioca não está “nacionalizando” as eleições municipais este ano. “O mais importante são os problemas locais, se o prefeito fez um bom trabalho e merece ser reeleito, ou se deve ser substituído por um novo gestor. Desta forma, pesa mais a avaliação negativa da gestão de Crivella do que o apoio de Bolsonaro”, explica. Para Ismael, o presidente, provavelmente, influenciará mais em cidades de menor porte. “São onde existem mais, proporcionalmente, pessoas que receberam o auxílio emergencial”, ressalta o professor lembrando que a decisão do voto e sua consolidação, segundo ele, deverá acontecer somente nos últimos dez dias do primeiro turno.

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Paulo Baía, sociólogo e cientista político da Universidade Federal do Rio (UFRJ), diz que a “onda Bolsonaro” pode não funcionar neste momento. “Desde os anos de 1980, vemos que a marca da eleição municipal é a saúde, a educação, a segurança e o transporte locais. É o que mobiliza o eleitor. Quando você pega fenômenos como Bolsonaro e o ex-presidente Lula, eles não impulsionam pautas locais com tanta eficiência. É o que estamos vendo agora com o Crivella. A rejeição dele é elevadíssima. Além disso, tem uma desaprovação de seu governo de quase 70%. O Bolsonaro, que é bem avaliado no Rio, não transfere votos em função da avaliação local. Ou seja: o eleitor apoia Bolsonaro, mas rejeita o Crivella no dia-a-dia”, analisa.

Rogério de Souza, professor e coordenador do Programa de Mestrado em Sociologia Política do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio (IUPERJ-UCAM), argumenta que o que está em jogo hoje é “o julgamento da gestão” de Crivella. “Prefeito é igual síndico. Se não cuidar bem, neste caso da cidade, ele é mal avaliado”, diz. “Apesar de o Eduardo Paes estar muito desgastado por ter sido aliado do ex-governador Sérgio Cabral e dos escândalos de corrupção envolvendo políticos do MDB, ele tem a imagem de um bom gestor”, compara. Souza alerta para o alto índice de rejeição de Crivella. “Esse é o retrato que a sociedade tem de percepção do governante. Se os 57% continuarem, dificilmente o prefeito reverterá”, ressalta.

Em uma das fotos de campanha divulgadas nas redes sociais, Crivella aparece com Bolsonaro e com a vice da chapa, a tenente-coronel Andréa Firmino. Na legenda, está escrito: “Me diga com quem tu andas, que direi quem tu és”.

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