Gushiken é vítima, diz advogado de ex-ministro
Ex-ministro teria interferido pela liberação de recursos do Banco do Brasil para empresa que operava o mensalão. Defensor alega que denúncia é política
O ex-ministro Luiz Gushiken, um dos principais nomes da cúpula do governo Lula no auge da crise do mensalão, assistirá à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) longe dos holofotes, em Atibaia (SP). O petista enfrenta um câncer, está com a saúde debilitada. O advogado José Roberto Leal de Carvalho, que defende o ex-ministro, alega que não há prova contra ele nos autos e pede sua absolvição.
Gushiken é acusado de ter interferido no Banco do Brasil pela liberação de um empréstimo para a empresa DNA, de Marcos Valério, usada para pagar o mensalão. A companhia recebeu 73,8 milhões de reais em quatro parcelas, em transações que descumpriram as normas da instituição bancária.
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Em depoimento à CPI dos Correios, Henrique Pizzolato, então diretor de Marketing do Banco do Brasil, disse ter agido a mando do petista. A denúncia foi feita em 2005, quando Gushiken era chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República e integrava um seleto grupo que o Palácio do Planalto batizou de “núcleo duro” do governo.
O advogado de Gushiken diz que a afirmação de Pizzolato foi forjada e alega que a acusação contra o seu cliente não se sustenta. Segundo ele, o processo do mensalão sofreu influência política e o ex-ministro é vítima: “No fundo ele foi vítima de uma situação mal-intencionada que tinha como objetivo atingir alguém mais importante”, afirma. “Entenderam que era preciso indiciar todo mundo que foi indiciado pela CPI”, critica.
Segundo o advogado, a situação de saúde do ex-ministro é delicada. A doença seria motivo para a atenuação da pena em uma eventual condenação, mas sequer foi informada pelo advogado nos autos: “Ele não quer favor nenhum. O que ele espera é que se acabe logo com isso”, afirma Carvalho.
O advogado lembra que, em suas considerações finais, a Procuradoria-Geral da República pediu a absolvição do ex-ministro, alegando falta de provas. Ainda assim, o representante de Gushiken diz que o dano causado pela denúncia original é irreparável: “Moralmente, para um inocente, ser processado é uma coisa extremamente grave”.
O julgamento do mensalão começa no dia 2 de agosto. Gushiken deve ser um dos últimos réus a conhecer sua sentença.