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‘Guedes teve uma miopia da dimensão da crise’, diz líder do DEM 

Deputado Efraim Filho (PB) endossou opinião do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que disse a VEJA que governo subestimou impactos da pandemia

Por André Siqueira Atualizado em 17 abr 2020, 15h00 - Publicado em 17 abr 2020, 13h52

O deputado federal Efraim Filho (DEM-PB) afirmou, nesta sexta-feira, 17, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, teve uma “miopia da dimensão da crise” causada pelo novo coronavírus. Líder do partido na Câmara e aliado do presidente da casa legislativa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de quem é colega de bancada, o parlamentar avalia que o governo subestimou, em um primeiro momento, os impactos que a pandemia causaria no país.

Em entrevista às Páginas Amarelas de VEJA desta edição, Maia afirmou que a postura do presidente Jair Bolsonaro “de minimizar a pandemia levou a equipe econômica a demorar muito tempo para se convencer de que o impacto seria grande”. A avaliação do presidente da Câmara é endossada por Efraim Filho.

“O ministro Paulo Guedes chegou a dizer que com 5 bilhões de reais conseguiria resolver a crise. No entanto, vimos que, na verdade, ele teve uma miopia sobre a dimensão da crise, teve uma visão de curto alcance, quando o mundo todo já encarava o problema e sabia que ele teria uma outra dimensão. A primeira reação do Ministério da Economia, inclusive, foi fiscalista: foi de reagir à crise com cortes, quando, na verdade, esta crise tem um diferencial e tem que ser enfrentada com investimentos, para manter a economia ativa. Se a economia vier a sucumbir, o custo de reativá-la lá na frente é muito maior. É importante que o governo mantenha o grau de investimento alto”, disse o líder do DEM a VEJA. 

A atuação de Guedes à frente do Ministério da Economia é mais um componente da relação conturbada entre Executivo e Legislativo. Na segunda-feira 13, a Câmara dos Deputados aprovou um auxílio fiscal de 89 bilhões de reais a estados e municípios para o enfrentamento da pandemia de coronavírus. A medida gerou reação entre bolsonaristas, que acusam o Congresso de aprovar uma “bomba fiscal” para o governo federal. Nos bastidores, o ministro afirma que pedirá ao presidente que vete o projeto. 

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Na noite desta quinta-feira 16, em entrevista à emissora CNN Brasil, Bolsonaro disse que Rodrigo Maia não tem se dedicado a “amenizar os problemas”, mas, sim, a “atacar o governo federal”. “Ele quer atacar o governo federal. Parece que a intenção é me tirar do governo”, disse.

Para Efraim Filho, as declarações de Bolsonaro atrapalham a relação entre Legislativo e Executivo. No entanto, o parlamentar ressalta o compromisso do Congresso em aprovar medidas necessárias para conter a crise causada pelo coronavírus. “Temos que ser radicais na necessidade do diálogo, fazer com que os três Poderes sentem na mesma mesa. Estamos muito consumidos pelos extremos, prevalece o nós contra eles, a direita contra a esquerda. A postura de Rodrigo Maia de não jogar gasolina no fogo e de não responder ataques com novos ataques é o clima que precisa existir. Já temos crise econômica, crise na saúde. Se quisermos superar esse momento, é obrigação do Parlamento dizer ‘vieram ataques de lá [do governo], mas vamos deixar isso de lado'”, disse a VEJA.

A crise causada pelo auxílio aprovado a estados e municípios deve-se ao atrito entre Bolsonaro e os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Para o presidente da República e seus aliados, os chefes do Executivo estadual adotaram medidas drásticas de isolamento social e, diante da queda na arredação, querem transferir o ônus para o governo federal. Segundo Efraim Filho, a politização da crise preocupa o Parlamento.

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“A politização da crise preocupa, é a personificação do nós contra eles, indo e vindo. A saída para pacificar o país é entender que ninguém se salva sozinho. É hora de um por todos e todos por um. É preciso abandonar a bandeira do partido e da política. Vamos subir o tom na linha de buscar o diálogo, juntar os cacos, quebrar o retrovisor e parar de olhar para o passado”, avalia.

Major Olimpio

Aliado de primeira hora de Bolsonaro, o senador Major Olimpio (PSL-SP) afirma que a “letargia nas ações” do Ministério da Economia para o combate do coronavírus ocorreram porque o ministro Paulo Guedes e sua equipe respeitaram “a hierarquia funcional do governo”. “Se tivesse desafiado o presidente, como fez Mandetta enquanto ministro, ele teria caído também”, disse Olimpio a VEJA.

Questionado sobre as declarações de Rodrigo Maia a VEJA, o líder do PSL – antigo partido do presidente da República – no Senado, Olimpio disse que não houve “paralisia” da equipe econômica, mas, sim, “um respeito à posição do chefe”.

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“Falo com Guedes quase diariamente. A equipe está ligada 24 horas por dia, mas as propostas acabam chegando no presidente. Como ele [Bolsonaro] realmente minimizou os impactos na área da saúde, as medidas foram retardadas. Prova disto é que o auxílio de 600 reais à população não foi um projeto de governo. Os 2 bilhões de reais aprovados para as Santas Casas, projeto que relatei, também não partiram do governo. A letargia não se deu por parte do Ministério da Economia. Diferentemente do Mandetta, que fincou os pés na ciência e na medicina, desafiando o presidente, Guedes respeitou a hierarquia funcional do governo. Se tivesse desafiado o presidente, como fez Mandetta enquanto ministro, ele teria caído também. Já que o chefe estava dizendo que era uma gripezinha, deixaram os planos preparados, sem forçar uma posição de confronto”, afirmou a VEJA.

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