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‘Governo vai desmoronar’, diz Aziz às vésperas de depoimento sobre Covaxin

Senador se reuniu com auxiliares e afirmou que governo vai sangrar com revelações que serão feitas na sexta na CPI da Pandemia

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Daniel Pereira Atualizado em 24 jun 2021, 00h15 - Publicado em 23 jun 2021, 16h27
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  • Presidente da CPI da Pandemia, o senador Omar Aziz (PSD-AM) disse a interlocutores estar convicto de que a comissão de inquérito chegou enfim a um foco de corrupção do governo federal no enfrentamento da Covid e previu que a administração Bolsonaro está prestes a ruir. Para Aziz, o ex-capitão está em vias de perder o principal discurso a que, a pouco mais de um ano antes de tentar a reeleição, ainda se apega: o de que se diferencia dos antecessores por não estar envolvido em esquemas de desvios e mau uso do dinheiro público.

    O parlamentar reuniu-se com auxiliares na terça-feira (21) e, diante de relatos preliminares do deputado Luís Miranda (DEM-DF) e do servidor Luís Ricardo Fernandes Miranda, que revelou ao Ministério Público “pressões” para acelerar a importação da vacina indiana Covaxin, afirmou que, após os depoimentos de ambos, agendados para a próxima sexta-feira, “o governo não se aguenta”. “Sexta-feira ele cai. O governo vai desmoronar”, disse o senador segundo relatos obtidos por VEJA.

    Troca de mensagens obtidas por VEJA -
    Troca de mensagens obtidas por VEJA – (//Reprodução)

    Por ora, a ordem de Aziz é centralizar esforços nas investigações sobre a Covaxin e deixar em compasso de espera outros temas que, em menor grau, também poderiam implicar o governo. Na categoria de assuntos que serão temporariamente deslocados para segundo plano e que já foram a esperança da CPI para emparedar o Executivo estão a identificação de fontes de financiamento de fake news e de produção de cloroquina e o funcionamento do chamado gabinete paralelo. O vice-presidente da comissão de inquérito, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já anunciou que vai requisitar proteção policial para que Luís Miranda e o irmão sejam escoltados até a CPI.

    Miranda se ofereceu a falar aos senadores depois que um depoimento sigiloso de seu irmão Luís Ricardo, em que este denunciava uma pressão indevida de superiores no Ministério da Saúde em favor do contrato de compra da vacina indiana Covaxin, vazou para a imprensa. Conforme revelado por VEJA em fevereiro, o contrato prevê a aquisição de 20 milhões de doses do imunizante por 1,6 bilhão de reais. O negócio foi fechado com a participação de um intermediário, a empresa brasileira Precisa Medicamentos, acusada de irregularidades em outros acordos anteriores firmados com o Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde do Distrito Federal.

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    Na CPI da Pandemia, os irmãos Miranda dirão que alertaram pessoalmente o presidente Jair Bolsonaro, numa audiência em 20 de março, sobre as suspeitas de irregularidades. Uma delas seria o pedido de pagamento antecipado, o que não está previsto em contrato, para importar três lotes de vacina com data próxima do vencimento. O presidente teria respondido que determinaria à Polícia Federal a investigação do caso. Os irmãos pretendem levar à comissão provas para reforçar a denúncia. O deputado, por exemplo, mostrará as imagens que ilustram esta reportagem. Numa conversa de Whatsapp com um ajudante de ordens de Bolsonaro, Luís Miranda escreve: “Avise o PR que está rolando um esquema de corrupção pesado na aquisição de vacinas dentro do Min. da Saúde. Tenho as provas e as testemunhas”. A reunião com o presidente ocorre logo depois disso.

    LEIA TAMBÉM: Renan vai a Fux no STF evitar ‘manobra’ de atravessadora da Covaxin

    Em 22 de março, dois dias após a conversa com o ex-capitão, o deputado volta a se comunicar com o interlocutor: “Pelo amor de Deus… Isso é muito sério. Meu irmão quer saber do PR como agir”. Até a tarde desta quarta-feira, a tendência era que os irmãos mirassem na CPI apenas os superiores hierárquicos do servidor Luís Ricardo no Ministério da Saúde — e que fizessem apenas menções a pressões indevidas, sem acusações de corrupção. A cúpula da CPI, no entanto, espera que os depoentes apresentem o nome dos políticos e dos lobistas que trabalharam ativamente pela Covaxin.

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    Desde que as suspeitas de irregularidade na negociação da Covaxin vieram à tona, o presidente da comissão ouviu relatos de que um movimento específico do Ministério Público, a abertura de uma investigação criminal para apurar possível corrupção na aquisição dos imunizantes, pode arrastar Jair Bolsonaro para o centro do furacão e pressionar o procurador-geral da República Augusto Aras a enfim tomar uma medida mais enérgica contra a atuação do governo no enfrentamento do vírus. O senador afirmou a interlocutores que, mesmo que as suspeitas forem comprovadas, não vê espaço para o andamento de um processo de impeachment e estimou que há, sim, risco real de o governo sangrar com as novas revelações.

    Luís Ricardo Fernandes Miranda, já considerado pela cúpula da CPI como o homem-bomba do governo, está nos Estados Unidos. Ele desembarcará ao Brasil no início da tarde de sexta e, logo na sequência, se comprometeu a apresentar documentos que implicam personagens da administração Bolsonaro em pressões atípicas para a compra do imunizante Covaxin.

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