Apesar de ter demorado cerca de quatro meses para marcar a sabatina de André Mendonça, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e provocado uma crise com líderes evangélicos e momentos de apreensão no Palácio do Planalto, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) segue com as portas abertas no governo federal. A afirmação é do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos principais conselheiros do pai, o presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O Davi é atendido no governo, na hora que ele quiser o presente recebe ele sem problema. Até hoje”, disse Flávio em entrevista a VEJA. “Não quero ser injusto com Alcolumbre porque como presidente da Casa ele sempre foi muito importante para o governo, grande parceiro. Bolsonaro apoiou a eleição de Rodrigo Pacheco à presidência do Senado, nome indicado por ele”, acrescentou.
A demora de Alcolumbre em pautar a sabatina de Mendonça na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) resultou em ameaças de grupos evangélicos, que prometeram atrapalhar sua campanha em 2022. Junto com líderes do MDB, Alcolumbre trabalhou pelo veto a Mendonça com o objetivo de emplacar o procurador-geral Augusto Aras no Supremo, mas perdeu a briga após VEJA revelar um esquema de rachadinha em seu gabinete. A indicação de Mendonça para o STF foi aprovada pelo Senado por 47 votos, seis a mais que o necessário.
Para o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, é possível reconstruir as relações políticas com o senador.
“Nesse ponto específico do Mendonça, Alcolumbre acabou comprando uma briga muito grande e que teve um custo pessoal, mas ainda há tempo de a gente promover essa recuperação botando na balança tudo de bom que ele já fez. Ele merece um crédito. O Davi é um cara do bem”, disse Flávio.
Diversas especulações sobre os motivos que levaram Alcolumbre a demorar para pautar a sabatina de Mendonça foram feitas ao longo dos últimos meses. Congressistas disseram, inclusive, que Alcolumbre estaria insatisfeito com o governo porque Bolsonaro havia prometido que ele teria um ministério como agradecimento por ter evitado que Flávio fosse investigado pelo Conselho de Ética do Senado.
O senador nega e diz que Alcolumbre não poderia fazer nada como presidente do Senado. “No meu caso específico, do conselho de ética, não teria o que ele fazer, são acusações anteriores ao meu mandato. Isso teria que ser arquivado de cara. A representação contra mim foi feita por senadores da oposição para desgastar o governo mais uma vez”, afirmou.