A Polícia Federal realiza, na manhã desta quinta-feira, a operação Anel de Giges, que combate os desvios em um projeto do programa Minha Casa, Minha Vida na cidade de Boa Vista, capital de Roraima. A PF cumpre 17 mandados judiciais, sendo nove mandados de busca e apreensão e oito de condução coercitiva. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, entre os alvos, parentes e enteados do senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado Federal.
Na lista dos mandados de condução coercitiva e de busca estariam Rodrigo e Marina Jucá, filhos do senador, Luciana e Ana Paula Surita Macedo, filhos da prefeita de Boa Vista Teresa Surita (PMDB), ex-mulher de Jucá. De acordo com o Estadão, a casa de Ana Paula alvo de um mandado de busca e apreensão é, também, o domicílio onde vive a prefeita, enquanto a irmã e Marina Jucá vivem em Brasília. Rodrigo Jucá, que não foi encontrado em casa, já foi deputado estadual e, em 2014, candidato a vice-governador de Roraima.
Hamilton José Pereira, Elmo Teodoro Ribeiro e Francisco José de Moura Filho, investigados ligados à CMT Engenharia também foram alvos da operação. Na chegada ao Senado nesta quinta-feira, Romero Jucá falou brevemente a jornalistas e disse que “ninguém vai me intimidar”. Questionado se vê alguma relação com a articulação, da qual participa, para reverter o afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Jucá foi lacônico: “deduzam”.
Segundo as investigações, eles estariam envolvidos com um desvio de 32 milhões de reais dos cofres públicos, feito na forma de um pagamento superfaturado sobre o terreno conhecido como “Fazenda Recreio” e sob o qual foi construído o empreendimento Vila Jardim, do programa federal. As suspeitas também envolvem a fiscalização e aprovação da compra pela Caixa Econômica Federal.
Os citados que estão sendo conduzidos para prestar depoimento serão interrogados e indiciados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Em nota, a Polícia Federal afirma que “as investigações continuam, com análise do material apreendido e apuração do envolvimento de outros integrantes nas práticas criminosas”.
O texto também informa que a operação foi batizada por inspiração do livro A República, do filósofo Platão. Na obra, Platão fala sobre o anel de giges, um instrumento que permitiria ao seu portador “que fique invisível e cometa atos ilícitos sem consequências”, escreve a PF.
(Com Estadão Conteúdo)