Em Minas, Lula admite alianças estaduais com MDB de Temer
Em entrevista, ex-presidente também criticou a intervenção federal no Rio de Janeiro, medida que classificou de "pirotecnia"
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu nesta quarta-feira (21) que seu partido pode firmar alianças estaduais com o MDB nas eleições 2018. Em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, o petista destacou as diferenças internas do partido, que descreveu como uma “federação de grupos regionais” e que não teria sido inteiramente favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Lula está na capital mineira para um evento de comemoração dos 38 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores.
“Não existe essa de PMDB nunca mais, isso é bobagem. O PMDB em Minas Gerais é sustentáculo do governo do petista Fernando Pimentel, grande parte dele se colocou contra o impeachment da Dilma”, avaliou o ex-presidente. Lula também criticou quem diz que nunca irá abandonar seus princípios em função da construção de um projeto eleitoral viável. “Tenho que construir uma aliança que me permita fazer isso melhorar a vida do povo, senão serei o melhor candidato do mundo e não ganharei as eleições.”
Questionado a expectativa que tem quanto aos recursos apresentados por sua defesa no Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF4) e no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar postergar a execução de sua prisão, Lula se disse “tranquilo” e que não começou a discutir “plano B ou C” porque acredita em sua absolvição.
Lula ainda teceu elogios ao empresário mineiro Josué Gomes da Silva, cotado para ser seu vice. Presidente da Coteminas, ele é filho do vice-presidente José Alencar. “Josué é pessoa extraordinária, filho de uma pessoa extraordinária. É um bom quadro”, afirmou, para depois contemporizar. “Quando chegar a hora de procurar um vice, vou procurar. Mas obviamente vice é somatória de interesses políticos, econômicos, sociais.”
Intervenção federal
Ao comentar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, Lula classificou a medida de “pirotecnia” criada pelo governo do presidente Michel Temer para tentar reelegê-lo. “Acho que o Temer está encontrando um jeito de ser candidato à Presidência da República. E acho que ele achou que a segurança pública pode ser uma coisa muito importante para ele pegar um nicho de eleitores do Bolsonaro”.
“O Temer sabe que o que tirou a reforma da Previdência da pauta não foi ele nem a intervenção, mas pesquisas mostrando que os deputados não iam votá-la. Então eles pensaram: vamos criar outro espetáculo, e criaram a intervenção no Rio para passar para a sociedade a ideia que iam acabar os problemas”, disse.
O petista criticou o uso das Forças Armadas, afirmando que elas não foram preparadas para esse tipo de tarefa. “O Exército passou um ano na favela da Maré e quando saíram os problemas voltaram”, disse, criticando ainda o fato de não existir um plano anunciado para a intervenção. “Obviamente ninguém pode ser contra uma tomada de posição emergencial para ajudar a diminuir a violência no Rio, mas isso não pode ser feito dessa forma estabanada, pensando apenas na política”, afirmou.