O governo do presidente Lula já recebeu diversos recados, diretos ou indiretos, de que ainda não tem uma base no Congresso que lhe garanta tranquilidade para votar os projetos prioritários do terceiro mandato do petista.
A falta de um apoio robusto é justificada ao que é tratado como uma falha na montagem da Esplanada, mesmo após Lula ter distribuído ministérios a partidos políticos – MDB, União Brasil e PSD têm três pastas cada. Parlamentares afirmam que o governo não soube equalizar a distribuição entre o Senado e a Câmara, e agora deputados cobram a fatura.
Além de mais espaço no primeiro escalão, parlamentares das duas Casas reclamam da “letargia” do governo em destravar cargos e emendas. Ainda estão pendentes restos a pagar das verbas previstas aos congressistas referentes ao ano passado, enquanto os cargos de segundo e terceiro escalões seguem travados na Casa Civil, comandada pelo ministro Rui Costa.
Em busca de acalmar os ânimos, o ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, tem recebido uma série de parlamentares em busca de colher as principais demandas e reclamações. Nos últimos dias, o articulador político prometeu a uma liderança do União Brasil que em breve tudo vai mudar: as verbas começarão a ser pagas até abril, e os cargos também serão liberados. Dentro do próprio PT, deputados também espalham a previsão de dias melhores.
A medida faz parte da investida do governo em afagar os deputados e senadores. Reportagem de VEJA desta edição mostra como o presidente Lula adaptou o seu discurso e agora recorre até a modelos sem transparência – o formato do outrora criticado orçamento secreto – para entregar cerca de 50 bilhões de reais na mão do Parlamento.