Em giro pelo Nordeste, Lula fortalece aliados
Postulantes aos governos locais tentam associar imagem à do ex-presidente para ganhar fôlego nas pesquisas

A nova investida do ex-presidente Lula na região Nordeste anima os aliados. Ainda na fase de pré-campanha, alguns dos postulantes aos governos locais precisam associar suas imagens à do ex-presidente para ganhar fôlego nas pesquisas de intenção de votos. A figura de Lula é mais forte que a marca do PT.
Lula desembarcou no Rio Grande do Norte na quinta-feira. Participou de uma reunião com os governadores e visitou uma feira de agricultura familiar. Na sexta, foi a Alagoas e no sábado para Sergipe. Vai a Pernambuco em julho.
O ex-presidente lidera com folga todas as pesquisas de intenção de votos na região. As viagens lhe permitem lembrar ao eleitor que sua gestão criou o Bolsa-Família e deu início à transposição do rio São Francisco, projetos cobiçados por Jair Bolsonaro (PL). A campanha do chefe do Executivo apostou todas as fichas no Auxílio-Brasil, nova marca para o programa de transferência de renda, e tem tentado se apropriar da paternidade da transposição.
Aliados locais também se beneficiam com a presença do petista. “Ainda é muito cedo em termos de previsão do resultado eleitoral, mas acho que as perspectivas para os governos estaduais são boas”, diz o senador Humberto Costa (PT-PE). “No Nordeste não tem nenhuma situação em que não estejamos bem, seja com candidatos do PT ou apoiados pelo partido e apoiam Lula”, acrescenta.
O PT lidera no Piauí com Rafael Fonteles, que nunca disputou uma eleição, mas é o nome encampado pelo ex-governador Wellington Dias. No Rio Grande do Norte, a reeleição da governadora Fátima Bezerra é dada como certa.
“Neste momentos mais difíceis são Bahia, Pernambuco e Sergipe. Mas acredito que com o apoio de Lula há possibilidade de vitória”, afirma Humberto Costa.
Na Bahia, ACM Neto é favorito com chances de vencer a disputa ainda no primeiro turno. O petista Jerônimo Rodrigues é pouco conhecido pelo eleitorado. No entanto, quando o entrevistado é informado de que Lula o apoia, Jerônimo salta de 6% para 34% da preferência. Em Sergipe, o senador petista Rogério Carvalho está tecnicamente empatado em terceiro lugar com o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), que também pode abrir palanque para Lula, e com o senador Alessandro Vieira. Lideram as pesquisas Edvaldo Nogueira, do PDT de Ciro Gomes, e Valmir de Francisquinho, do PL de Bolsonaro.
Lula também vai receber o apoio dos candidatos que estão em primeiro ou segundo lugar nas pesquisas nos estados onde o PT não vai lançar nome próprio ao governo.
Em Pernambuco, Lula vai subir no palanque de Danilo Cabral (PSB), mas tem o apoio da ex-petista Marília Arraes (Solidariedade), que lidera as pesquisas. Ele também pode ter palanque duplo na Paraíba. O governador João Azevêdo trocou o Cidadania pelo PSB para manter o apoio ao petista, apesar de o PT no estado estar próximo de apoiar Veneziano Vital do Rêgo (MDB).
No Ceará ainda não foi definido o candidato da base petista. Berço político de Ciro Gomes, o PDT tem aliança histórica com o PT no estado e dois pré-candidatos com fortes chances de serem escolhidos: a atual governadora, Izolda Cela, e o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. Os partidos cogitam desmanchar a aliança.
Em Alagoas, Lula vai subir no palanque de Paulo Dantas (MDB). Aliado dos Calheiros, o atual governador tampão e pré-candidato ao cargo está empatado com o senador Rodrigo Cunha (União Brasil) e o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSD). O ex-presidente Fernando Collor de Mello entrou na disputa nesta semana para concorrer “com o apoio de Bolsonaro”. Já no Maranhão, o senador Weverton Rocha (PDT) lidera a corrida e fará campanha ao lado de Lula e com o apoio de Bolsonaro.