Em debate, Witzel e Paes trocam acusações mirando alianças políticas
Candidato do PSC associou Paes a políticos do MDB presos por corrupção; ex-prefeito criticou ligação de juiz com empresário citado em delação
No primeiro debate do segundo turno entre os candidatos ao governo do Rio de Janeiro, transmitido pela TV Bandeirantes, Wilson Witzel (PSC) e Eduardo Paes (DEM) trocaram farpas sobre suas alianças políticas e tangenciaram a apresentação de propostas para o estado.
Segundo pesquisa Datafolha, divulgada na noite desta quinta-feira 18, o ex-juiz federal lidera a corrida pelo Palácio Guanabara, com 61% dos votos válidos. O ex-prefeito carioca tem 39%. Nos votos totais, o candidato do PSC tem a preferência de 50% do eleitorado fluminense, Paes, 33%. Brancos e nulos somam 11%, e 6% não souberam ou não responderam.
Clima quente
O debate da Band entre candidatos ao governo do Rio começou quente. Paes fez a mesma pergunta que formulara em outros encontros. Provocou o adversário, Witzel, sobre sua decisão de deixar o Espírito Santo, onde atuava como juiz federal, depois de ter sido ameaçado. Disse que quem fugiu dos bandidos não tem condições de combater o crime. Wilson Witzel negou que tenha saído do estado por conta das ameaças.
De olho em Bolsonaro
O ex-prefeito fez a primeira referência positiva a Jair Bolsonaro, dizendo que o candidato à presidência pelo PSL defende mudança no Código Penal para que policiais possam matar bandidos – o programa de Witzel propõe o “abate” de bandidos que estiverem com armas uso exclusivo das Forças Armadas.
O candidato do PSC voltou a defender o “capitão Bolsonaro” e afirmou que não haveria necessidade de mudança da lei. Segundo Witzel, o artigo 25 do Código Penal permite que que policiais atirem para matar pessoas ilegalmente armadas. O artigo, porém, trata do direito à legítima defesa e autoriza o uso moderado dos “meios necessários” para repelir agressão, “atual ou iminente”.
Alianças políticas
Wilson Witzel ressaltou a ligação de Eduardo Paes com políticos do MDB que estão presos por corrupção, como o ex-governador Sérgio Cabral. Paes frisou que o adversário foi condenado por não pagar um empréstimo à ex-sogra, recebia auxílio-moradia mesmo tendo imóvel próprio no Rio e deixou de pagar o IPTU por seis anos.
Troca de farpas
Witzel afirmou que Paes não passaria no teste de integridade que pretende implantar no governo do estado; o ex-prefeito rebateu, classificou o adversário de “irresponsável”.
No terceiro bloco, os candidatos continuaram a trocar acusações. O ex-prefeito insistiu na relação do adversário com Mário Peixoto, um grande fornecedor do governo do estado, e disse que o ex-juiz foi à festa de aniversário do empresário. Wilson Witzel respondeu que, durante a pré-campanha, esteve em contato com muitas pessoas. Negou que tenha qualquer proximidade com Peixoto.
No quarto e último bloco do debate, Witzel chamou Paes de “soldado do Lula”, numa referência a uma antiga gravação telefônica entre ele e o ex-presidente. O ex-prefeito voltou a vincular o candidato do PSC ao prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB). Em nova troca de acusações, Eduardo Paes chamou o Wilson Witzel de frouxo.
Marielle Franco
Eduardo Paes citou o comício de Witzel em que foi quebrada uma placa com o nome da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março. O demista disse que o adversário desrespeitou a memória da ex-parlamentar. O ex-juiz se solidarizou com a família de Marielle e disse que ajudará nas investigações do crime.
Considerações finais
Nas considerações finais, Paes frisou que é carioca e portelense e o adversário é “paulista e palmeirense” (Witzel nasceu em Jundiaí). Já o candidato do PSC agradeceu a Deus e afirmou que vai melhorar a vida da população.