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Em carta a Celso de Mello, Bolsonaro fala em ‘manifestação emocional’

Após decano do STF repreender duramente fala de seu filho, candidato do PSL disse 'prestigiar' a corte

Por Da Redação Atualizado em 23 out 2018, 12h20 - Publicado em 23 out 2018, 11h00

O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, enviou uma carta ao ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), em que diz ter “apreço” pelo magistrado e que a Corte tem de ser prestigiada por todos.

A inciativa ocorre após a repercussão de um vídeo em que um dos filhos do candidato, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), fala que “um cabo e um soldado” são suficientes para fechar o STF ao responder, em uma aula para concurseiros, a uma pergunta sobre a possibilidade de impugnação da candidatura de seu pai – algo que é atribuição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na carta a Celso de Mello, Bolsonaro não cita diretamente a manifestação do filho e diz que se dirige ao ministro “diante do noticiário recente”. “Quero, por escrito, deixar claro que manifestações mais emocionais, ocorridas nestes últimos tempos, se mostram fruto da angústia e das ameaças sofridas neste processo eleitoral.”

Indagado sobre a declaração do filho, Bolsonaro inicialmente duvidou que ela tivesse existido e questionou seu contexto. Depois, disse que “se alguém falou sobre fechar o STF, precisa procurar um psiquiatra”. Após a repercussão negativa, Eduardo recuou. “Se fui infeliz e atingi alguém, tranquilamente peço desculpas e digo que não era a minha intenção”, disse em suas redes sociais.

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A declaração do filho de Bolsonaro foi duramente repreendida por Celso de Mello. “Essa declaração, além de inconsequente e golpista, mostra bem o tipo (irresponsável) de parlamentar cuja atuação no Congresso Nacional, mantida essa inaceitável visão autoritária, só comprometerá a integridade da ordem democrática e o respeito indeclinável que se deve ter pela supremacia da Constituição da República!!!!”, disse o magistrado, o mais antigo do Supremo, em nota enviada ao jornal Folha de S.Paulo.

Outros ministros também repercutiram o assunto. Em palestra, Alexandre de Moraes disse que a Procuradoria-Geral da República (PGR) deveria abrir procedimento para investigar a fala sobre fechar o STF. Sem citar Eduardo Bolsonaro, ele afirmou ser “inacreditável que tenhamos que ouvir tanta asneira da boca de quem representa o povo”. Presidente do STF, ministro Dias Toffoli, divulgou uma nota oficial em que afirma, também sem citar o deputado federal, que “atacar o Poder Judiciário é atacar a democracia”.

Leia a íntegra da carta de Bolsonaro:

“Senhor ministro,

Tomo a liberdade de encaminhar esta carta à Vossa Excelência, diante do noticiário recente.

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É meu dever, como cidadão, manifestar meu apreço por Vossa Excelência, seja pela conduta impecável no exercício de jurisdição, seja pela forma ponderada como sempre se manifesta ao público.

Quero, por escrito, deixar claro que manifestações mais emocionais, ocorridas nestes últimos tempos, se mostram fruto da angústia e das ameaças sofridas neste processo eleitoral.

O Supremo Tribunal Federal é o guardião da Constituição e todos temos de prestigiar a Corte.

Cordialmente,

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Jair Messias Bolsonaro.”

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