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Eleições testam o apelo de políticos poderosos em suas bases eleitorais

Alguns dos nomes mais influentes do país enfrentam dificuldades para impulsionar seus candidatos

Por Ricardo Chapola Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 set 2024, 08h00
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  • É consenso em Brasília que o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-­AP) conquistou nos últimos anos um lugar na galeria dos políticos mais poderosos do país. Discreto, em 2019 ele ascendeu à presidência do Congresso com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Articulado, além de exímio operador, foi um dos maiores beneficiários das verbas do chamado orçamento secreto. Popular entre seus pares, ele se prepara para voltar ao posto mais alto do Legislativo, com o apoio do governo Lula e sem romper os laços com a oposição. Essas habilidades, porém, ainda não foram suficientes para o senador concretizar um de seus principais projetos: eleger o irmão como prefeito de Macapá. A última tentativa fracassou. O empresário Josiel Alcolumbre chegou a ser anunciado como candidato ao cargo, mas desistiu da disputa na véspera da formalização da chapa. A decisão foi proclamada como um gesto de altivez dos irmãos diante da necessidade de unir a oposição no município. O motivo verdadeiro, no entanto, nada tinha de magnânimo.

    Pouco antes do início da campanha, as pesquisas já indicavam o absoluto favoritismo de Antônio Furlan, o atual prefeito, que concorre à reeleição. Ele aparecia com 76% das intenções de voto, contra 5% de Josiel. Uma derrota acachapante não seria um bom ponto de partida para dar sequência a um projeto bem mais ambicioso. Davi Alcolumbre planeja governar o estado no futuro. O irmão já havia disputado, sem sucesso, a prefeitura de Macapá em 2020. Um novo fracasso poderia atestar de vez a fragilidade política da família, particularmente do próprio senador — por isso, a decisão de abandonar a disputa. “Eles retiraram a candidatura porque havia entendimento de que a manutenção poderia nacionalizar a campanha, o que não seria bom para ninguém, especialmente para quem quer voltar a presidir o Congresso”, explica o deputado estadual Hildegard Gurgel (União Brasil-AP), aliado dos Alcolumbres no estado. “O nosso foco agora é fazer o maior número possível de vereadores”, destacou.

    Reprodução/Redes Sociais
    EM BH - Rodrigo Pacheco e Fuad: apoio do senador e reeleição do prefeito ameaçada (//Reprodução)

    Mais influente em Brasília, no momento, do que em Macapá, Davi Alcolumbre é o franco favorito para substituir o atual presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, outro personagem de elite que não demonstra a mesma influência política no seu quintal. Em 2018, o senador elegeu-se por Minas Gerais, batendo nas urnas a ex-presidente Dilma Rousseff. A campanha deixou mágoas entre os petistas do estado. Em 2021, ele foi eleito para comandar o Congresso com o apoio da bancada ligada a Jair Bolsonaro, de quem começou a se afastar meses depois. Em 2023, foi reeleito, dessa vez com o aval de Lula e a benção do PT. Nos últimos meses, em claros acenos ao bolsonarismo, Pacheco tem impulsionado pautas que fustigam o governo. O resultado desse comportamento errático, avaliam os aliados do presidente do Congresso, vem refletindo negativamente na sua principal base eleitoral: Belo Horizonte.

    Na capital mineira, dez candidatos disputam a prefeitura. Fuad Norman, aliado de Pacheco, concorre à reeleição. Ele tem o maior arco de alianças, o maior tempo de propaganda na TV e a vantagem da máquina pública. As pesquisas mostram Fuad tecnicamente empatado com outros três candidatos. O apresentador Mauro Tramonte, o líder, aparece com 30%. “Temos levantamentos internos que mostram a melhora no desempenho do prefeito. Ele está subindo e vai se isolar na segunda colocação em breve”, diz, otimista, o deputado estadual Cássio Soares, presidente do PSD no estado. Rodrigo Pacheco tem planos de disputar o governo de Minas Gerais em 2026. Assim como para Davi Alcolumbre, seu candidato vencer em Belo Horizonte seria, acima de tudo, uma demonstração de vitalidade política — dele e do partido. Uma derrota acachapante pode enterrar definitivamente o projeto.

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    EM MACEIÓ - Lira e JHC: aliança política não beneficiou o presidente da Câmara
    EM MACEIÓ - Lira e JHC: aliança política não beneficiou o presidente da Câmara (Guido Jr./Fotoarena/.)

    Na categoria dos políticos de primeiro escalão que enfrentam problemas no seu quadrado, o deputado Arthur Lira (PP-AL), o poderoso presidente da Câmara, é, em tese, uma exceção. Em Maceió, se não houver uma reviravolta, é dada como praticamente certa a reeleição do prefeito João Henrique Caldas, o JHC, do PL. Na última pesquisa divulgada pelo instituto Quaest, ele tinha 74% das intenções de voto, o que lhe asseguraria a vitória no primeiro turno. Lira, porém, não está comemorando como gostaria. O favoritismo do prefeito já era esperado e tem mais a ver com a avaliação positiva dos eleitores sobre a administração do que com a influência do deputado. JHC é cotado para disputar o governo do estado em 2026. Se isso se confirmar, o vice assumirá o cargo. Lira tentou até o último momento indicar o candidato a vice, o que lhe permitiria no futuro assumir indiretamente o controle político do maior colégio eleitoral de Alagoas. O santo de casa, porém, não fez milagre.

    Publicado em VEJA de 6 de setembro de 2024, edição nº 2909

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