Doria diz que performance no MAM é uma afronta à liberdade
Manifestação do prefeito ocorre após o Ministério Público abrir um inquérito civil para investigar a apresentação do artista fluminense Wagner Schwartz

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), publicou neste sábado um vídeo em que condena a exposição sobre diversidade Queermuseu, em Porto Alegre, e a performance do artista fluminense Wagner Schwartz, realizada no “35º Panorama da Arte Brasileira – 2017” do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Para o tucano, as mostras “afrontam o direito, a liberdade e, obviamente, a responsabilidade”.
A exposição Queermuseu foi encerrada em 10 de setembro, pelo Santander Cultural, após protestos de grupos, entre eles o Movimento Brasil Livre (MBL), que alegavam que as obras faziam apologia à pedofilia e à zoofilia. A mostra continha obras de artistas reconhecidos mundialmente, como Candido Portinari, Alfredo Volpi e Lygia Clark
Já a performance de Schwartz causou polêmica após uma criança ter interagido com o ator, que se apresentava nu, no centro de um tablado. Um vídeo mostra a menina tocando a canela e os pés de Schwartz, que estava deitado de barriga para cima, com a genitália à mostra. A criança estava acompanhada de sua mãe.
Doria disse compreender que a arte é uma manifestação “muito aberta e ampla”, mas defendeu a imposição de limites para exposições. “No caso de São Paulo, a exposição realizada no MAM, que é uma instituição séria, não pode, em nome dessa liberdade, permitir que uma cena libidinosa, que estimula uma relação artificial, condenada e absolutamente imprópria, seja colocada para o público.”
O prefeito, que disputa com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a indicação do PSDB para concorrer à Presidência da República nas eleições de 2018, disse que a performance fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “E, ao ferir, ele está cometendo uma impropriedade, uma ilegalidade, e deve ser imediatamente retirado, além de condenado.”
“Gosto da arte, admiro a arte. Mas tudo, tudo, tudo deve obedecer a um limite. Não pode haver nada que, no contexto da sua própria liberdade, afronte a liberdade de outra pessoa. Peço àqueles que promovem a arte no Brasil que tenham a consciência de que é preciso respeitar aqueles que frequentam os espaços públicos, a família, as religiões e a liberdade alheia”, disse Doria.
Investigação
A manifestação de Doria ocorre após o Ministério Público (MP) de São Paulo ter aberto um inquérito civil para apurar denuncias relacionadas à performance. Segundo as acusações recebidas pelo MP, o museu “estaria expondo crianças e adolescentes a conteúdo impróprio, uma vez que um homem estaria pousando totalmente sem roupa e o público seria convidado a tocá-lo, inclusive crianças”.
Segundo o MAM, a performance aconteceu apenas uma vez, em sessão fechada para convidados, e a sala onde ocorreu estava sinalizada sobre o teor da apresentação, incluindo a nudez.
Em Porto Alegre, o Ministério Público Federal (MPF) do Rio Grande do Sul recomendou que o Santander Cultural reabra imediatamente a exposição. Em nota, o Santander disse que não iria cumprir a recomendação.
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