Dilma: o futuro governo vai achar um lugar para ela
Ex-presidente pode assumir posto no exterior, mas vaga na Esplanada dos Ministérios está, por ora, descartada
“Tem muita gente que, na perspectiva de criar confusão entre nós dois, fala para mim: ‘Você vai levar a Dilma para um ministério? Você vai levar o José Dirceu para um ministério?’ Nem eu vou levar e jamais a Dilma caberia em um ministério, porque Dilma tem a grandeza de ter sido a primeira mulher presidente da história deste país”. Foi assim que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desmentiu – em uma das várias oportunidades ao longo da campanha – a hipótese de a ex-presidente Dilma Rousseff assumir um posto de primeiro escalão na Esplanada a partir de 2023.
A possibilidade de Dilma não compor a equipe ministerial está calcada menos na justificativa pública dada por Lula e mais na convicção de que, no processo de reabilitação de sua imagem após o PT ter sido varrido pela Lava-Jato, nomear a ex-presidente, que promoveu a mais significativa crise econômica dos últimos anos, seria um desgaste desnecessário para o governo que se inicia em 2023.
Ao longo da campanha, em um aceno a eleitores simpáticos à ex-presidente, Lula até foi treinado a afirmar que o processo de impeachment contra ela havia sido um “golpe” – no discurso após a vitória em segundo turno Lula também fez um agradecimento direto à Dilma –, mas deixou claro que, assim como José Dirceu, não haverá espaço para a ex-mandatária entre os futuros ministros.
Isso não quer dizer que ela não terá seu lugar ao sol no mandato do padrinho político. Uma das possibilidades é que ocupe um cargo no exterior, o que é interpretado como uma reabilitação honrosa depois que teve o mandato abreviado em 2016 por um processo de impeachment. Saída semelhante já havia sido pensada no início do governo Bolsonaro para abrigar Michel Temer, vice de Dilma que assumiu após a deposição da petista.