No discurso mais longo da Convenção Nacional do PMDB, a presidente Dilma Rousseff afirmou, neste sábado, que a aliança com o PMDB terá “uma vida longa”. Durante os 45 minutos de sua fala, Dilma não poupou elogios ao vice-presidente Michel Temer e às mudanças no Brasil decorrentes da união. Um dia após a divulgação do fraco desempenho da economia em 2012, período em que o PIB cresceu apenas 0,9%, a presidente finalmente se manifestou sobre o ‘pibinho’. E rebateu as críticas: “Os mercadores do pessimismo vão perder”, disse.
Logo no início de seu pronunciamento, Dilma confirmou a expectativa da manutenção da parceria com o PMDB nas próximas eleições. “É uma honra vir na convenção do partido que é meu maior parceiro. O convite ofereceu uma oportunidade extraordinária para que possamos celebrar essa parceira sólida, produtiva e que sem dúvida terá uma vida longa.”
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Em tom de exaltação, Dilma afirmou que este sábado marca mais um passo na aliança entre as legendas, que, juntas, representam uma das maiores coalizões formadas para governar o Brasil. A presidente afirmou que, ao contrário de manchar a política, a aliança significa diálogo, entendimento e união de esforços. “As coalizões mais amplas, mais bem construídas, costumam trazer maior segurança e estabilidade”, destacou.
Com um discurso em tom pré-eleitoral, Dilma em nenhum momento citou as eleições de 2014. Mesmo assim, não deixou de propagandear seu governo, citando a expansão do Programa Brasil sem Miséria e a reestruturação nos portos, aeroportos e ferrovias. A presidente também traçou metas: saúde pública, educação de qualidade e inclusão prioridade serão prioridade daqui para frente, segundo afirmou.
Em pronunciamento anterior ao de Dilma, Temer optou por um discurso breve. Sobre a parceria nas próximas eleições, o vice-presidente limitou-se a dizer que a aliança PT-PMDB “deu certo” para o país. “Isso significa que nós devemos caminhar em 2014 da mesma forma que caminhamos até agora. Para o bem de todo o mundo e do país”, afirmou. Em seguida, Temer fez um anúncio de interesse interno para o partido: para fortalecer as lideranças dos estados brasileiros, as inserções nacionais serão entregues diretamente aos estados para que realizem as campanhas nacionais.
Temer: “Aliança mais direta, impossível”
Sem citar as eleições, o ex-presidente Lula enviou uma carta à convenção do PMDB, lida pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão. No texto, Lula destacou a importância de Ulysses Guimarães para a consolidação da democracia e o papel do PMDB em pôr fim ao regime autoritário no país.
Disputa carioca – Os laços firmados neste sábado entre os dois maiores partidos do Brasil podem ser colocados em xeque nas eleições estaduais. A mais de um ano e meio das próximas eleições, as legendas já se movimentam para disputar o governo do Rio de Janeiro, com candidaturas precocemente lançadas pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e pelo vice-governador Luiz Fernando Peãao (PMDB-RJ).
Uma moção aprovada nesta tarde pode intensificar ainda mais a disputa: define candidatura própria a governador em todos os estados do Brasil. “O PMDB terá, com certeza absoluta, candidatura própria no Rio”, afirmou o vice-presidente Valdir Raupp. “Ainda acho possível um entendimento para que a gente sair com um palanque único”, ponderou. Outra moção aprovada impede o palanque duplo, e determina que fica “a executiva nacional com a responsabilidade de articular alianças locais que garantam palanque único, evitando palanque duplo”.
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Presente na Convenção Nacional, o atual governador do estado, Sérgio Cabral, exaltou os resultados de seu trabalho. Segundo ele, a parceria entre os partidos, proporcionou o que “parecia impossível”. “O Rio de Janeiro, que era um estado fadado ao fracasso, hoje recebe um grande número de investimentos.” Para encerrar o discurso, Cabral amenizou qualquer possível antecipação de desentendimento e reiterou a aliança para as próximas eleições presidenciais: “Não há outro caminho que não seja o fortalecimento de Dilma e Temer em 2014”.
Economia – Sem comentar diretamente o fraco desempenho da economia em 2012, divulgado nesta sexta, a presidente Dilma Rousseff falou como se a economia avançasse a passos largos. Dilma citou algumas medidas, como o plano de portos e aeroportos e as desonerações na folha de pagamento, para dizer que o Brasil passou por uma fase de maturação que já apresenta bons resultados. “Temos o índice de desemprego mais baixo da economia; a inflação sob controle; a indústria começando a dar claros sinais de retomada”, enumerou a presidente.
Em seguida, partiu para o ataque: “Ninguém pode dizer que o Brasil não tem suas finanças sob controle. Mais uma vez os mercadores do pessimismo vão perder, como perderam quando previram que o racionamento de energia não funcionaria”. Continuou: “Mais uma vez, os que apostam todas as fichas no fracasso do país vão se equivocar.”
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