A decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de antecipar para agosto o anúncio do nome que será indicado como seu sucessor vem gerando uma série de articulações e intrigas na Casa.
De um lado, aliados de Lira afirmam que a medida visa ganhar tempo para consolidar a campanha do candidato e conter insatisfações por parte das lideranças que tenham sido preteridas na escolha.
Outros parlamentares, no entanto, veem o risco de que a medida, na prática, seja usada como uma forma de pressão sobre o governo durante os últimos dias de Lira no comando da Câmara.
Em conversas com deputados, Lira já revelou a meta de eleger com folga o nome apoiado por ele como o próximo chefe da Câmara – a ideia é superar os 400, de 513 votos, e se aproximar do placar que o reelegeu no ano passado, numa demonstração de força e influência sobre o Congresso.
Por isso, o deputado alagoano vestiu a camisa de cabo eleitoral e trabalha para aglutinar diferentes colorações partidárias em torno de seu herdeiro político. São cotados para a concorrer com o aval de Lira os deputados Elmar Nascimento (União-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Brito (PSD-BA).
Lira já teve conversas com os principais caciques do PL e garantiu o apoio do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro a seu sucessor. Ele também esteve recentemente com deputados do PT e com o presidente Lula. Da mesma forma, os sinais são favoráveis, mas não há a garantia da chancela.
Assim, caciques tarimbados do Congresso afirmam que a ideia de Lira é apresentar o nome ao governo com antecipação para, caso não tenha o apoio, usar o plenário da Câmara como uma forma de pressão. “Ele pensa o seguinte: o governo não resiste a uma pauta travada por seis meses. Então, pelo bem de todos, é mais seguro não contrariá-lo”, diz um parlamentar que acompanha as negociações.
Lira, claro, nega qualquer intenção de fazer da disputa um instrumento de pressão.