A demissão sumária do general Fernando Azevedo do Ministério da Defesa causou surpresa e indignação entre os principais aliados do agora ex-ministro. Na tarde da última segunda-feira, 29, Azevedo foi ao Palácio do Planalto para apresentar a Ordem do Dia, mensagem que celebra o golpe militar de 1964. Ao entrar no gabinete presidencial, Azevedo sequer teve tempo de mostrar o material: “Preciso do cargo”, disse Jair Bolsonaro, sem dar nenhuma justificativa ou prestar agradecimentos.
Do lado de fora, auxiliares do ministro se espantaram após ele voltar apenas cinco minutos depois de ter ido ao gabinete de Bolsonaro. Amigos e pessoas próximas a Fernando Azevedo receberam entre a perplexidade e alguns palavrões a notícia de que ele havia sido demitido pelo presidente da República e, como agravante, daquela maneira.
A medida foi vista como uma tremenda quebra de confiança e de desconsideração ao general, que se empenhou em organizar suas tropas em operações na Amazônia e de combate ao coronavírus ao mesmo tempo em que se equilibrava em um complexo processo de manter as Forças Armadas distantes da política.
Não foram poucas as pessoas que aconselharam Azevedo a não comparecer à posse de seu sucessor, o também general Walter Braga Netto, prevista para a próxima terça-feira, 6. Nas conversas, colegas do ex-ministro dizem que ele não precisaria passar pela constrangedora situação de estar ao lado do presidente após o desfecho de sua passagem pelo governo.
Fernando, porém, ainda não se decidiu. Em resposta, o ministro desconversa e diz que vai definir se comparecerá ou não apenas na próxima segunda-feira, véspera da posse.