Defesa de Genoino diz que petista não tratava das finanças do PT e cita nazismo
Advogado diz que condenação seria comparável a injustiças do nazismo. Presidente do PT à época, Genoino referendou empréstimos fraudulentos
A exposição do advogado de José Genoino no julgamento do mensalão seguiu o roteiro que deve ser repetido por boa parte dos defensores dos 38 réus: Luiz Fernando Pacheco alegou que o mensalão nunca existiu e citou provas questionáveis para tentar construir a inocência de seu cliente.
“A opinião pública há muito já se convenceu de que o mensalão foi uma farsa”, afirmou o advogado. Pacheco quis transferir para Delúbio Soares, tesoureiro do partido à época do escândalo, a responsabilidade pelos empréstimos fraudulentos que abasteceram o esquema. Afirmou que o valor arrecadado cobriria dívidas de campanha e que Genoino, então presidente do partido, cuidava apenas da articulação política.
“José Genoino não tem qualquer aptidão para o tratamento de finanças, mas é um expert na articulação política”, afirmou. Para sustentar sua tese, o advogado citou o depoimento de outros mensaleiros, como Emerson Palmieri, ex-tesoureiro do PTB, e José Janene, ex-deputado pelo PP, morto em 2010. A dupla negou a existência do esquema de compra de apoio no Congresso.
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Pacheco também atacou o delator do esquema, Roberto Jefferson: “A denúncia foi aceita por conta da palavra sempre duvidosa do senhor Roberto Jefferson”.
O advogado leu a maior parte de suas afirmações e teve dificuldades em explicar porque Genoino não deve responder pelos empréstimos se, em nome do PT, ele assinou os documentos que permitiram os repasses: disse que a condenação de seu cliente se assemelharia ao método judicial usado na Idade Média e no regime nazista.
“[Condenação por] Responsabilidade objetiva não é condizente com o estado democrático de direito. Nos remete à Idade Média. Queima porque é bruxa, e porque é bruxa é que queima. É o direito penal do terror, o direito penal nazista”, disse.
A exposição do advogado durou 40 minutos, 20 a menos do máximo permitido. Genoino é acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa.