Líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e influente no mundo evangélico, o pastor Silas Malafaia ficará neutro no primeiro turno da eleição à Prefeitura do Rio. Em entrevista a VEJA nesta quinta-feira, 3, o religioso afirmou que “são 99,9% as chances” dele não pedir votos para o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e que tentará a reeleição, e nem para o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), de quem é amigo. Crivella e Paes disputam o eleitorado evangélico.
Malafaia argumenta que a decisão é para não prejudicar a votação do vereador Alexandre Isquierdo, aliado em busca da reeleição e ex-coordenador de campanha do deputado estadual Samuel Malafaia, irmão de Silas. Isquierdo e Samuel são filiados ao DEM, o mesmo de Paes. Na capital, a Vitória em Cristo tem 80 templos e cerca de 60 mil fiéis. O pastor mantém um programa de TV há 37 anos, um dos mais antigos entre as lideranças evangélicas.
“Quero eleger o meu vereador Alexandre Isquierdo. Não quero briga com ninguém para não interferir na votação dele. Sabemos como é a política”, disse Silas Malafaia, apoiador do governo Jair Bolsonaro. Sobre o segundo turno, afirmou: “Vamos deixar a água do rio correr”.
Em 2016, o pastor se aliou a Crivella apenas no segundo turno pelo mesmo motivo. Em 2018, manteve a estratégia e só pediu votos para Paes na reta final contra o então adversário Wilson Witzel (PSC). À época, o religioso adotou a tática para não atrapalhar a candidatura de Samuel Malafaia e do deputado federal Sóstenes Cavalcante, parlamentar reeleito pelo DEM.
Crivella aposta as fichas eleitorais nos evangélicos para chegar ao segundo turno. No segunda-feira, 20, o prefeito se reuniu, no Palácio da Cidade, com líderes do segmento. Entre os convidados, estavam R.R Soares, chefão da Igreja Internacional da Graça de Deus, e Josué Valandro Júnior, pastor da Igreja Batista Atitude, frequentada pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, na Barra da Tijuca.
No encontro, participou ainda Jair Bolsonaro (sem partido). Apesar do esforço de Crivella, o presidente não declarou apoio ao prefeito e deverá ficar neutro no primeiro turno. Bolsonaro tratou de assuntos como a renegociação de dívidas da prefeitura com o BNDES e da liberação de dinheiro para obras da Transbrasil. O prefeito tem frequentado cultos fora da agenda oficial.
Paes, por sua vez, começará as primeiras conversas com líderes evangélicos. Entre eles, o bispo Abner Ferreira, da Assembleia de Deus Ministério de Madureira. Estava nos planos do ex-prefeito procurar justamente o pastor Silas Malafaia. O ex-prefeito aparece empatado com Crivella pela preferência dos evangélicos. Os dois têm 17%, segundo a última pesquisa do Datafolha, divulgada em dezembro.