A CPI das Fake News disponibilizou nesta quinta-feira, 31, as 500 páginas de documentos entregues pelo deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) relativas ao depoimento que ele prestou na comissão que investiga o uso de desinformação nas eleições de 2018. Diante dos parlamentares, o ex-aliado de Jair Bolsonaro afirmou que o presidente se beneficia de “milícias digitais nas redes sociais” para atacar adversários e que o Palácio do Planalto abriga uma equipe para propagar notícias falsas.
A maioria do conteúdo entregue à CPI é de reproduções de reportagens ou prints das redes sociais de apoiadores de Bolsonaro, como Filipe Martins, assessor do presidente para assuntos internacionais, ou Allan dos Santos e Leandro Ruschel. Há ainda material que comprovaria a existência de robôs programados para propagar notícias falsas em benefício do presidente ou a articulação de uma ação nas redes convocada pelo escritor Olavo de Carvalho, guru da família Bolsonaro, contra o vice-presidente Hamilton Mourão.
A deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA) afirma que todo o material será analisado e ressalta que é preciso separar o que é fake news do que é considerado “campanha de ódio”. “O depoimento de Frota tem uma utilidade grande porque ele confirma denúncias sobre pessoas envolvidas na chamada milícia virtual. Consolida uma linha de investigação a respeito dessas pessoas e suas participações numa possível organização de fake news”, disse a VEJA.
“Vem de dentro do Palácio do Planalto os três personagens que vieram das redes bolsonaristas e tiveram oficializadas as suas redes de ataque com dinheiro público. E quem coordena? Carlos Bolsonaro, direto do Rio de Janeiro”, disse Frota na CPI, em referência ao chamado “gabinete do ódio”.
O termo é usado para se referir ao núcleo composto pelos assessores da Presidência Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz — os três também foram convocados pela CPI. Entre as funções que o grupo exerce no governo está a atualização das redes sociais da Presidência da República.
Na audiência, Frota também afirmou que as chamadas “milícias digitais” foram orientadas a atacar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e os ministros do Supremo Tribunal Federal. Hoje opositor de Bolsonaro, o parlamentar foi expulso do PSL após tecer uma série de críticas ao presidente Jair Bolsonaro e, depois, filiou-se ao PSDB.