Três integrantes do PSDB se encontraram nesta quarta-feira (10) com o candidato à Presidência do PT, Fernando Haddad, para discutir estratégias para construir uma “frente pela democracia” contra o candidato do PSL, Jair Bolsonaro. Os tucanos pertencem à ala Esquerda pra Valer, um grupo antigo da sigla que prega pautas mais progressistas, como descriminalização do aborto e das drogas e adoção de cotas raciais. Eles almoçaram com o petista em sua casa, no Planalto Paulista, na Zona Sul de São Paulo, e declararam apoio a ele.
No encontro, o grupo propôs ao ex-prefeito de São Paulo que fosse elaborado um documento que fizesse uma mea-culpa dos erros cometidos nos governos petistas e que desse garantias de que, se chegasse ao poder, o partido respeitaria a oposição. Seria uma espécie de segunda versão da Carta ao Povo Brasileiro, feita por Lula em 2002 para tranquilizar o mercado, mas que dessa vez frisasse o respeito integral à Constituição.
“A razão do nosso apoio é contra a ameaça fascista da candidatura de Bolsonaro que ameaça valores de civilidade, tolerância e diálogo. Não havia como nós não nos posicionarmos contra um candidato que não respeita o direito das minorias”, disse Fernando Guimarães, líder do movimento e filiado ao PSDB desde 1991.
Além dele, estavam presentes no encontro os tucanos Antonio Celso Albuquerque e Wagner Trombolone. A reunião foi intermediada pelo vereador Eduardo Suplicy, que é próximo do grupo. “Isso não é uma sinalização de aproximação com o PT, e sim um apoio à pessoa Haddad. Não estamos aqui falando em nome da bancada, mas do movimento”, completou Guimarães, que também pediu ao candidato que ele procurasse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — os dois têm uma relação de amizade e foram colegas na academia professores de Ciência Política da USP.
Segundo Guimarães, Haddad deve formalizar o apoio da ala tucana em anúncio nesta quinta-feira (11). Ele fez questão de destacar que a corrente foi um dos primeiros grupos a endossar a candidatura de Geraldo Alckmin, derrotado no primeiro turno, e que, nas eleições de 1989, o PSDB apoiou o ex-presidente Lula contra Fernando Collor no segundo turno.
Nesta terça-feira (9), a direção do PSDB decretou a neutralidade no segundo turno, liberando os seus filiados a apoiar quem quisessem.