O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, analisou no programa Os Três Poderes, de VEJA, desta sexta-feira, 4, as últimas pesquisas para a prefeitura de São Paulo, o debate realizado pela TV Globo a três dias do primeiro turno, e o fato de os indicadores apontarem que o PT – e a esquerda no geral – pode não alcançar os objetivos no número de vitórias, enquanto o bolsonarismo ganha fôlego.
Para o especialista, tanto Lula quanto Jair Bolsonaro erraram ao apostar na polarização nas eleições municipais. Segundo ele, nenhum dos dois devem sair vencedores do pleito. “O Centrão será o grande vencedor da eleição municipal”, afirmou. Meirelles também comentou sobre o último debate realizado pela Globo em São Paulo que, para ele, “foi morno”. Segundo o presidente do Locomotiva, Pablo Marçal “foi mais light” por causa da rejeição demonstrada em pesquisas e para tentar alcançar eleitores indecisos. “Se ele não for para o segundo turno, a eleitora mulher é responsável”, afirmou.
Questionado sobre o fato de os bons indicadores econômicos do Brasil não refletirem na avaliação de Lula, Meirelles disse que isso ocorre porque o presidente fala muito sobre questões internacionais e não trata das questões internas. Para ele, o petista precisa falar “do Brasil real para tentar se reeleger ou eleger um sucessor”. “Menos Venezuela e mais picanha no discurso”, resumiu o especialista. Por fim, o chefe do Locomotiva ressaltou que o PT precisa entrar no tema de costumes, “onde o bolsonarismo já caminha”, para recuperar terreno no país e, assim, diminuir a polarização e fazer o povo sentir as melhorias.
O depoimento da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, à Polícia Federal sobre o caso de assédio, bem como a entrevista concedida por ela a VEJA, também serão abordados. O programa será apresentado por Ricardo Ferraz, com comentários dos colunistas Matheus Leitão, Marcela Rahal e Robson Bonin.
‘EU SÓ QUERIA QUE PARASSE’
Em entrevista exclusiva a VEJA, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, fala do caso de assédio sexual envolvendo o ex-ministro Silvio Almeida. Ela detalha os comentários sexistas, as insinuações embaraçosas e as importunações que sofreu por parte do ex-colega. “Só queria que aquilo parasse de acontecer”, afirma. A ministra explica também por que se calou por tanto tempo: “Ficamos com medo do descrédito, dos julgamentos, como se o que aconteceu fosse culpa nossa”, reconhece. “O que aconteceu comigo foi crime de importunação sexual”, acrescenta.
DEBATE DA GLOBO
O último embate entre candidatos à prefeitura de São Paulo antes do primeiro turno foi marcado por menos agressividade do que programas anteriores. Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) iniciaram o encontro da TV Globo apresentando propostas e tentando isolar Pablo Marçal (PRTB). Já na parte final, voltaram as trocas de ofensas, principalmente entre o psolista, o atual prefeito e o coach. Na pesquisa Datafolha desta quinta, os três estão tecnicamente empatados, mas Boulos aparece numericamente à frente, com 26%. Os outros dois estão com 24%.
CRISE DE IDENTIDADE
Um levantamento do Instituto Locomotiva, realizado com exclusividade para VEJA ouvindo integrantes da Classe C em todo o Brasil, mostra que o grupo, muito importante para as vitórias do PT durante o século XXI, atravessa uma profunda transformação. Hoje, ascende entre essas pessoas a ideia de subir na vida pela via do empreendedorismo, vicejam os valores tradicionais e cresce a preocupação com a violência. Tudo má notícia para o partido de Lula que, com uma agenda na qual o Estado se faz fortemente presente e abrange pautas identitárias, se desconecta daqueles com quem, historicamente, sempre tão bem conversou.
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