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Citado por hacker, Lula nega ter smartphone e conta no Telegram

Walter Delgatti Neto afirmou à Polícia Federal que acessou conta do ex-presidente, tendo acesso apenas à sua agenda no aplicativo

Por Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 15h13 - Publicado em 26 jul 2019, 20h19

Depois de o hacker Walter Delgatti Neto ter dito à Polícia Federal que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está entre os alvos de suas invasões no aplicativo Telegram, a conta do petista no Twitter negou que Lula tenha conta no aplicativo e afirmou que ele nunca sequer teve um smartphone. O ex-presidente está preso desde abril de 2018 na superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde cumpre pena de 12 anos e 1 mês de prisão no processo da Operação Lava Jato referente ao tríplex do Guarujá.

“QUE não tentou fazer o acesso a conta de TELEGRAM de nenhuma outra autoridade pública além daquelas citadas anteriormente no presente termo; QUE entretanto, também acessou o conteúdo do TELEGRAM do expresidente LULA, tendo acesso apenas a sua agenda do aplicativo; QUE não possui qualquer registro dos ataques realizados à conta do TELEGRAM do ex-presidente LULA”, diz o relatório do depoimento de Walter Delgatti Neto, conhecido como Vermelho.

Delgatti Neto afirmou à PF que o primeiro alvo de seu ataque foi o promotor de Justiça Marcel Zanin Bombardi, responsável pelo oferecimento de uma denúncia contra ele pelo crime de tráfico de drogas, relacionado a medicamentos. À PF, o hacker afirmou que resolveu atacar o aparelho de Bombardi por atos que ele considerava “ilícitos” cometidos pelo promotor.

As conversas de Bombardi no aplicativo de mensagens Telegram foram armazenadas por ele em seu notebook. Delgatti disse que não publicou o conteúdo das mensagens por “temer ser vinculado ao ataque”, tendo em vista que morava em uma “cidade pequena” e ser conhecido por ter “conhecimento avançado em informática”.

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A partir da lista de contatos de Marcel Zanin Bombardi, Delgatti iniciou uma série de invasões. Primeiro, por meio da conta de um procurador da República, ele teve acesso ao “Valoriza MPF”, grupo criado pelo procurador regional da República José Robalinho Cavalcanti. Um dos membros do grupo, cujo nome o hacker disse não se recorda, tinha o contato do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP). Através do celular do parlamentar, o hacker chegou ao número do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

A invasão ao aparelho de Moraes forneceu a Delgatti Neto o telefone do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Por meio da agenda de Janot, obteve o número de membros da força-tarefa da Lava Jato, como os procuradores Deltan Dallagnol, Orlando Martello Júnior e Januário Paludo.

Segundo Delgatti Neto, o acesso aos telefones das autoridades citadas acima ocorreu entre março e maio de 2019, e que somente armazenou o conteúdo das conversas dos membros do Ministério Público do Paraná, porque, em sua avaliação, constatou “atos ilícitos” dos procuradores.

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Delgatti chegou ao número de Sergio Moro através da agenda de Dallagnol. O hacker, então, obteve o códio utilizado pelo Telegram para criar uma conta vinculada ao atual ministro da Justiça. Delgatti ressaltou que não obteve nenhum conteúdo da conta de Moro no aplicativo de mensagens.

Ele negou ter recebido valores por ter repassado as mensagens hackeadas do Telegram ao jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil e afirmou que não editou o conteúdo. Walter Delgatti Neto relatou à PF ter recebido o contato de Greenwald por meio da ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB), informação confirmada por Manuela.

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