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‘Ciro Gomes está em um lugar que não é dele’, diz Gilberto Carvalho

Para o ex-chefe de gabinete de Lula, não será Ciro Gomes o candidato da centro-direita que vai marcar oposição ao petista

Por Rafael Moraes Moura Atualizado em 27 jun 2021, 10h48 - Publicado em 27 jun 2021, 10h33

De olho na corrida pelo Palácio do Planalto e no derretimento da aprovação do governo Bolsonaro, Ciro Gomes tem reforçado o discurso contra o Partido dos Trabalhadores para tentar arrebatar votos daqueles desencantados com o ex-capitão — mas que torcem o nariz para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já chamou de “maior corruptor da história moderna brasileira” o petista, de quem, aliás, foi ministro da Integração Nacional por três anos e três meses. Também falou que o governo Lula “deu pouco para os pobres e muito, muito mesmo para os ricos”. A mudança radical no tom de Ciro, que em 2018 se recusou a declarar apoio a Fernando Haddad e viajou para Paris durante o segundo turno, tem incomodado o PT.

“Eu sempre digo que prefiro as atitudes do Ciro às palavras do Ciro. O Ciro foi um aliado importante para nós, no tempo do mensalão teve uma postura corajosa, defendia o nosso governo mais do que muitos de nós. Eu lamento pessoalmente essas posturas dele, essa verborragia dele, mas eu sempre guardo a esperança de que em um momento a gente possa estar junto”, disse a VEJA o ex-chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.

Na avaliação de Gilberto Carvalho — e de muita gente na República –, Ciro está apostando na tática de tentar se firmar como o anti-Lula, em caso de naufrágio de Bolsonaro, cuja aprovação vem caindo em meio aos efeitos devastadores da pandemia de Covid-19. “A meu juízo é uma tática equivocada. Primeiro porque ele subestima o Bolsonaro e a direita. E segundo, porque dizer que o Lula tem erros na vida, tudo bem, todos nós temos, agora dizer que Lula é o maior corruptor da história, não. Ele mesmo sabe que é mentira.”

“Essa tentativa de que o Bolsonaro fracasse e ele se constitua no anti-Lula e possa ganhar a eleição, que é a quarta que ele vai disputar, é uma pena, é uma perda de energia, cria um problema gravíssimo para nós com o PDT, que é um partido com quem temos uma aliança histórica. A presença dele no PDT cria um enorme constrangimento para essa aliança. Tem muita gente que eu sei, que eu conheço no PDT, absolutamente constrangida com essa situação. É ruim. E não vai levar a nada”, acrescenta Carvalho.

Pesquisa Datafolha divulgada no mês passado mostra Lula liderando as intenções de voto, com 41% da preferência do eleitorado, ante 23% de Bolsonaro — Ciro Gomes aparece em um distante quarto lugar, com 6%, atrás inclusive de Sérgio Moro, que aparece em terceiro com 7%. Em busca do voto evangélico, segmento que representa cerca de 30% da população, tanto Lula quanto Ciro tem feito acenos aos religiosos. Para Carvalho, as pontes com Ciro podem não ter sido dinamitadas, mas “estão muito dificultadas”.

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“Se ele continuar com isso tenho certeza que a candidatura dele não prosperará. Até porque é o seguinte: se for para ter um candidato anti-Lula da centro-direita, não será o Ciro Gomes. O próprio mercado, os próprios pensadores da direita não vão escolher o Ciro Gomes, vão escolher uma pessoa mais confiável a eles. O Ciro Gomes é uma pessoa de centro-esquerda, e não de centro-direita.  Ele não tem a confiança da banca, dos grandes capitalistas, ele tenta se credenciar para um lugar onde ele não é aceito”, avalia o ex-chefe de gabinete de Lula.

VEJA procurou o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que não retornou as ligações. A assessoria de Ciro Gomes informou que o pré-candidato à Presidência não se manifestaria.

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