A vereadora e cientista social Carolina Iara (PSOL), 28 anos, foi alvo de um atentado a tiros disparados contra a sua residência na Zona Leste de São Paulo, na madrugada da última terça-feira, 26.
Ela é uma das covereadoras eleitas no mandato coletivo do partido, chamado de Bancada Feminista. As outras covereadoras são Silvia Ferraro, Paula Nunes, Natália Chaves e Dafne Sena. Na prática, esse tipo de bancada divide as decisões em relação a votações na Câmara dos Vereadores de São Paulo. No entanto, como os mandatos coletivos não são autorizados pela Justiça Eleitoral, ela exerce o cargo de assessora oficialmente.
De acordo com ela, dois disparos foram efetuados da rua para dentro de sua casa por volta de 2h de ontem.
“Eu não ouvi porque estava com o fone de ouvido, mas minha mãe ouviu e me chamou. Pensei que fosse algum tiroteio na rua, mas não saímos de dentro de casa devido ao medo”, relatou ela a VEJA. “Saímos de casa somente pela manhã de ontem, e percebi duas marcas de bala: uma no quintal e outra no muro. Isso me pareceu que usaram o vão entre as grades do portão da minha casa para atirar”, prosseguiu.
Elas não se feriram. Após o episódio, a vereadora foi retirada de casa e está andando com escolta de seguranças. A parlamentar disse que o PSOL tomou medidas para reforçar a sua proteção.
Carolina vai prestar depoimento na Divisão de Homicídios de São Paulo nesta quarta-feira. “Não recebi nenhuma ameaça direta desde as eleições, mas creio que se trata de um crime político, de ódio, porque defendo as pautas LGBTQ+. Sou uma autoridade pública, uma parlamentar eleita e a polícia precisa investigar. Não pode haver outra Marielle”, declarou, referindo-se à parlamentar assassinada a tiros no Rio de Janeiro, em 14 de março de 2018, junto ao motorista Anderson Gomes.
Em seu primeiro mandato na Câmara dos Vereadores de São Paulo, Carolina é intersexo (quando uma pessoa nasce com características sexuais de ambos os gêneros), travesti, feminista e vive com HIV.
Em novembro do ano passado, VEJA revelou que um atentado estava sendo planejado contra a deputada federal Talíria Petrone (PSOL) no Rio de Janeiro. As ameaças fizeram Talíria deixar o estado e ocultar seu paradeiro. A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga as ameaças e o plano, que seria executado por um miliciano ligado ao Escritório do Crime.
No final de dezembro, a deputada estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Renata Souza (PSOL), também registrou um boletim de ocorrência por receber uma ameaça de morte na internet citando o assassinato de Marielle e Anderson.