Contra a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a decisão do Supremo Tribunal Federal que impediu a prisão de condenados em segunda instância, manifestações convocadas pelo Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua e Nas Ruas se reuniram nas principais capitais do país neste sábado, 9. O protestos pressionavam pela aprovação de uma PEC que permite a prisão em segunda instância e deve ser votada na Comissão de Constituição e Justiça na próxima segunda-feira, 11.
Em São Paulo, os manifestantes se aglomeraram em um trecho da Avenida Paulista entre a sede da Federeção das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e o Museu de Artes de São Paulo (Masp). Com o apoio de dois carros de som, o público pediu e impeachment de ministros do STF e a aprovação da PEC 410, que restaura a execução antecipada da pena.
O evento na capital paulista teve a maior mobilização de todos os atos convocados. Estiveram presentes a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), o empresário Luciano Hang e o jurista Modesto Carvalhosa, que, em seu discurso pediu o impeachment de ministros do STF.
No Rio de Janeiro, os manifestantes se reuniram em torno de um pequeno carro de som e ocuparam menos de um quarteirão da praia de São Conrado, bem em frente ao prédio onde mora o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Muitos deles estavam vestidos de preto em protesto contra o STF. A maioria, no entanto, manteve a tradição do movimento e se vestiu de verde e amarelo.
“A decisão do STF foi um golpe, um ato político”, discursou uma das organizadoras do evento, Adriana Balthazar, do Vem Pra Rua. “Estamos na rua para pedir o fim da impunidade.” Nos cartazes dos manifestantes, as palavras de ordem eram “Prisão em segunda instância sim, impunidade não”, “Lula volta para a cadeia”, “Meu partido é o Brasil” e “A nossa bandeira jamais será vermelha”.
Em Curitiba, os manifestantes se reuniram em frente à sede da Justiça Federal. Eles pediram apoio à operação Lava Jato, ao presidente Jair Bolsonaro e exaltaram o ministro Sergio Moro, ex-juiz da operação, e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal no estado.
Com convocações em 20 estados, também foram registrados atos em Brasília, Porto Alegre e Salvador. Na capital baiana, cerca de 80 pessoas se reuniram em frente ao Farol da Barra e entoaram gritos contra ministros do STF e o ex-presidente Lula, solto nesta sexta. No RS, centenas se concentraram na Avenida Goethe, no bairro Moinhos de Vento, tradicional palco de protestos de grupos de direita.
Sem caminhões de som e com muito menos gente do que em protestos anteriores, geralmente realizados aos domingos, os manifestantes se reuniram na Praça da Liberdade, na capital mineira. O aposentado Geraldo Teixeira, 76 anos, mostrava um cartaz com a frase “STF câncer do Brasil”. “Muitas pessoas estão indignadas, mas não mostram que estão indignadas”, disse Teixeira.
O coordenador do Vem pra Rua em Minas, Max Fernandes, classificou a decisão do STF de “grave retrocesso”. “A decisão do STF sobre a derrubada da prisão após condenação em segunda instância foi um duríssimo golpe no peito dos brasileiros. Para nós, o fim da prisão após segunda instância é um grave retrocesso. Ficará para nós a perda de credibilidade e a sensação de impunidade, principalmente de réus ricos e poderosos”.
Fernandes frisou, entretanto, que o movimento é contra intervenções ou “golpe no STF”. “Defendemos o estado democrático de Direito”, afirmou. O coordenador do Vem pra Rua afirmou que a manifestação deste sábado poderia ser menor pelo fato de um outro protesto ter sido realizado na terça-feira, antes da decisão do STF.
No Recife, os manifestantes ocuparam uma quadra da via em caminhada de um quilômetro desde a Padaria Boa Viagem até o Segundo Jardim. “Estou aqui pela PEC 410 e apoiando o pacote anticrime do (Sérgio) Moro. Viemos hoje não pelo presidente, mas pela nação, para acabar com essa safadeza do STF de ter soltado os bandidos”, disse a cobradora de ônibus Isabela Regina, de 34 anos, em movimento pró-Bolsonaro.
Já a psicóloga Sheyla Paes, de 40, afirmou que começou a frequentar protestos em Boa Viagem pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e que, desta vez, se revoltou com decisão do Supremo. “Eu apoio o evento, apoio Bolsonaro, a PEC, a intervenção militar, porque chegou numa situação que é tudo ou nada, não tem meio termo”, ressaltou.
(com Estadão Conteúdo)