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Bolsonaro tem encontro fora da agenda com Netanyahu no Itamaraty

Presidente e chanceler serão cobrados nesta quarta-feira pela China e pelos Emirados Árabes por declarações sobre questões polêmicas

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 1 jan 2019, 21h56 - Publicado em 1 jan 2019, 21h24
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  • Fora de sua agenda oficial de posse, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) manteve encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no início da noite desta terça-feira, 1º, no gabinete do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O recém-empossado chefe de Estado reuniu-se também com líderes de outros países e com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, antes de assumir a função de anfitrião do coquetel aos convidados especiais para sua posse.

    Bolsonaro ingressou no Itamaraty pela porta principal às 19h10. Mas, em vez de seguir para o coquetel servido na Sala Brasília, no 3º andar do Palácio dos Arcos, dirigiu-se ao segundo andar, para a sala do chanceler e, depois, rumou para a Sala Rio de Janeiro, onde se dava uma festa mais privativa para convidados especiais. Os que estavam na sala maior não chegaram a ver Bolsonaro com a faixa presidencial.

    Netanyahu foi um dos primeiros convidados ilustres para a posse a chegar no Itamaraty. Enquanto esperava a chegada de Bolsonaro, manteve uma reunião bilateral com o presidente do Chile, Sebastián Piñera, também de direita, como o israelense. Piñera já se preparava para retirar-se quando o novo presidente brasileiro chegou. Voltou atrás, ficou mais alguns minutos no Ministério e depois foi embora.

    O teor da conversa entre Bolsonaro, Araújo e Netanyahu não foi divulgado. Mas o primeiro-ministro israelense passou cinco dias no Brasil e foi convencido a não cancelar sua presença nas cerimônias desta terça-feira em Brasília, como havia sido anunciado por seu gabinete na semana passada.

    A mudança da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém tornou-se uma bandeira da aproximação bilateral apregoada por Bolsonaro – mesmo com a resistência dos generais de seu governo. Araújo, entretanto, receberá nesta quarta-feira a ministra de Segurança Alimentar dos Emirados Árabes Unidos, Marian Mehairi, a representante de seu país na posse. Assim como o Egito e a Liga Árabe, os Emirados deverão expressar sua insatisfação com a possível transferência da embaixada brasileira.

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    Nesta quarta-feira, Bolsonaro vai se reunir com Mike Pompeo no Palácio do Planalto, com quem antes o chanceler Ernesto Araújo terá um encontro bilateral no Itamaraty. O Departamento de Estado divulgou que, na agenda de Pompeu, estão a restrição do avanço do investimento da China no Brasil, o tratamento do governo de Bolsonaro à crise da Venezuela e possíveis alinhamentos de Washington e Brasília em relação a organismos internacionais.

    Em uma primeira prova de fogo na área externa, Bolsonaro também receberá o representante do presidente da China, Xi Jinping, em sua posse. trata-se do vice-presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional chinesa, Ji Bingxuan. O brasileiro fez críticas duras aos investimentos da China e chegou a declarar que esse país não “comprará” o Brasil.

    Também receberá o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o polêmico primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, de extrema-direita. Opositor contumaz às políticas europeias de imigração e refúgio, Orbán foi um dos primeiros a cumprimentar Bolsonaro por sua eleição, em outubro, e pretende estabelecer com o líder brasileiro uma relação especial.

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    O chanceler Araújo acompanhará esses encontros. No Itamaraty, antes de seu discurso de posse, receberá os ministros das Relações Exteriores de Angola, Manuel Domingos Augusto, e da Polônia, Jacek Caputowicz.

    Bem servido

    Na Sala Brasília, a maior para recepções do Itamaraty, dava-se um coquetel “sóbrio, mas bem servido”, como comentou um dos convidados. A imprensa credenciada foi proibida de circular e mantida nos limites de um cercadinho posicionado na entrada do Palácio dos Arcos. Garçons serviam volumes consideráveis de champanhe, vinhos, uísque e canapés. Em uma mesa de buffet, porções de pasta, escondidinho e escalope estavam dispostas em cuias pequenas. Mas os convidados podiam se servir de quantas quisessem.

    Mas, curiosamente, na Sala Rio de Janeiro, uma recepção privada era comandada pelo general de Exército Hamilton Mourão, vice-presidente da República, e por Carlos Bolsonaro, filho do presidente. Bolsonaro se juntou a eles depois de sua conversa com Benjamin Netanyahu. De vez em quando, mandava um assessor pinçar um convidado da Sala Brasília e, minutos depois, o despachava de volta.

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