O fim da aliança entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, tem rendido desdobramentos na política e nas redes sociais. Neste domingo, 26, Bolsonaro rebateu críticas por ter escolhido Alexandre Ramagem como provável substituto de Maurício Valeixo no comando da Polícia Federal. Segundo o presidente, o nome do diretor da Associação Brasileira de Inteligência (Abin) não deveria ser vetado por ser amigo de seus filhos. “E daí? Antes de conhecer meus filhos, eu conheci o Ramagem. Por isso deve ser vetado? Devo escolher alguém amigo de quem?”, retrucou.
A substituição de Valeixo por Ramagem foi a gota d’água para Sergio Moro. Na visão de Moro, símbolo da Operação Lava-Jato e um dos ministros mais populares do Governo Bolsonaro, a troca reforçaria as seguidas tentativas de Bolsonaro interferir politicamente na Polícia Federal. Por causa do embate, Moro pediu demissão na última sexta, 24, sendo a segunda baixa do governo em oito dias — no dia 16 de abril, Luiz Henrique Mandetta foi substituído por Nelson Teich no comando do Ministério da Saúde.
No Twitter, Moro afirmou que “preservar a PF de interferência política é uma questão institucional, de Estado de Direito, e não de relacionamento pessoal”. Na mesma rede social, Bolsonaro postou uma mensagem afirmando que “Lamentavelmente o ex-ministro mentiu sobre interferência na PF. Nenhum superintendente foi trocado por mim. Todos foram indicados pelo próprio ministro ou diretor geral. Para mim os bons policiais estão em todo o Brasil e não apenas em Curitiba, onde trabalhava o então juiz”. Bolsonaro não mencionou o nome de Sergio Moro, mas fez uma clara referência a ele.
Na mesma postagem, o presidente compartilhou um vídeo de Susanna Val Moore, presidente do Sindicato dos Policiais Federais de São Paulo, no qual ela afirma que a Polícia Federal vai continuar trabalhando de forma independente e sem interferência” após a saída de Valeixo da chefia da PF.
Poucos minutos depois, o deputado federal Eduardo Bolsonardo, filho zero três do presidente, disse que “Nunca é demais lembrar que JB (em uma referência ao pai, Jair Bolsonaro) foi eleito sem apoio da imprensa ou da classe política. Assim, seu governo não é atrelado a nenhum ministro ou pessoa específica e sim tão somente ao seu apoio popular”.