O presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou na noite deste domingo de eleições os institutos de pesquisa, que não conseguiram captar a disputa acirrada entre ele e o ex-presidente Lula (PT) no primeiro turno, e disse que até o segundo turno, no embate direto com o petista, deve explicar melhor a atuação do governo na pandemia, defendendo o discurso de que não houve falta de vacinas contra a Covid e de que o governo conseguiu atenuar problemas econômicos decorrentes da crise sanitária.
A ideia do QG bolsonarista é apresentar o Brasil como um país que tem reagido aos impactos provocados pelos anos de pandemia de maneira melhor do que outras nações, com inflação sob controle e início da retomada econômica. O presidente pretende centrar esforços em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
“Existe um sentimento que a vida deles (dos eleitores) não ficou igual estava antes da pandemia. (…) Vamos melhorar mais. Vou mostrar tudo que já fizemos: terceiro mês em deflação, preço dos combustíveis, (…) o Pix, a área social. Tem muita coisa a apresentar. Melhor agora com o tempo igual entre os concorrentes”, declarou.
O mandatário deixou o Palácio da Alvorada à noite para seu primeiro pronunciamento após a confirmação de que haverá segundo turno e destacou que também explorará na reta final da corrida presidencial a convicção de que nem sempre uma mudança, mote utilizado por candidatos de diversos matizes políticos, é garantia de melhoria para o eleitor. Ele afirmou que continuará participando de debates e sabatinas “para convencer as pessoas” e não se furtou em voltar a fazer críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), foco preferencial de ataques retóricos do presidente e de seus apoiadores.
Bolsonaro relembrou que, se reeleito, terá direito a indicar dois novos integrantes da Supremo Corte já no próximo ano e disse que, “com quatro no STF você já começa a fazer valer no STF as nossas propostas”. E, num tom bem abaixo do usual, criticou o ministro Alexandre Moraes: “Lamentavelmente o discurso dele foi pesado contra a minha pessoa”.
Embora não tenha contestado diretamente as urnas eletrônicas, uma estratégia que havia adotado ao longo de boa parte da campanha presidencial, Bolsonaro disse “aguardar o parecer das Forças Armadas” para afirmar se a disputa eleitoral ocorreu de forma “limpa”. “Estou aguardando o parecer da defesa. Eu acho que todo mundo tem certeza que essas máquinas, esses equipamentos, não existe um equipamento 100% imune”, completou.