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Bolsonaro perde liderança em popularidade digital após radicalização

Presidente foi ultrapassado pelo rival Lula depois de atacar as urnas eletrônicas e lançar uma ofensiva contra ministros do Supremo

Por Daniel Pereira Atualizado em 24 ago 2021, 12h39 - Publicado em 24 ago 2021, 12h34
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  • Estratégia empregada por Jair Bolsonaro para manter a sua base de apoio mais fiel arregimentada, a radicalização não está surtindo o efeito esperado pelo presidente da República nas redes sociais. Pelo contrário, tem contribuído para que ele perca influência no universo digital, no qual reinava praticamente sozinho no início de seu mandato. No fim da semana passada, Bolsonaro foi ultrapassado pelo ex-presidente Lula (PT) no ranking de popularidade digital (IPD) elaborado pela Quaest Consultoria.

    A perda da liderança para o petista, por uma margem muito estreita de pontos, coincide com a desidratação da popularidade digital de Bolsonaro depois de ataques desferidos por ele contra as urnas eletrônicas e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que comanda o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e Alexandre de Moraes, que chefiará o TSE nas eleições de 2022. Barroso e Moraes foram determinantes para que Bolsonaro passasse à condição de investigado no inquérito das Fake News em tramitação no Supremo.

    O gráfico abaixo mostra as trajetórias da popularidade digital de Bolsonaro e Lula. Em 29 de julho, quando protagonizou a notória live em que atacou as urnas eletrônicas, sem apresentar as provas de fraude eleitoral que tanto prometia, Bolsonaro liderava o IPD com ampla vantagem sobre Lula: 68,76 x 41,78. Em 10 de agosto, dia do desfile de tanques pela Praça dos Três Poderes, a vantagem caiu para 53,17 a 36,3. Na quinta-feira 19, houve a troca de posições, com 55,72 para Lula e 53,36 para Bolsonaro. No dia seguinte, sexta-feira 20, quando o ex-capitão apresentou o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes, Lula subiu para 59,79, e Bolsonaro caiu para 52,38.

    “As tentativas recentes de Bolsonaro de mobilizar a sua base não parece que funcionaram. O ataque às urnas eletrônicas e o desfile dos tanques em Brasília não foram capazes de aumentar a sua popularidade nas redes. Sua velha tática de criar pautas não tem mais o mesmo efeito que observamos no passado”, diz o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest Consultoria.

    Desde o início do ano, a regra foi a liderança de Bolsonaro no IPD, interrompida algumas vezes por Lula. Como nas pesquisas de intenção de voto, nas quais o petista e o presidente lideram com certa folga sobre os demais postulantes, nas redes sociais os nomes de centro também patinam, como fica claro no gráfico abaixo. Em 20 de agosto, Ciro Gomes (PDT) marcou 26,3, e João Doria (PSDB), 20.8.

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    O IPD é elaborado a partir de dados coletados em redes sociais e buscadores — como Twitter, Instagram e Google Search — e leva em consideração indicadores como número de seguidores, capacidade de promover engajamento e quantidade de reações positivas às mensagens postadas. Com essas informações, a Quaest confere uma pontuação de 0 a 100 a cada ranqueado. Em primeiro de janeiro deste ano, Bolsonaro tinha 83,2 contra 40,3 de Lula.

    Índice de popularidade digital - Quaest
    Índice de popularidade digital – Quaest (Divulgação/VEJA)
    Índice de popularidade digital
    Índice de popularidade digital (Divulgação/VEJA)
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